A troca de olhares, o cheiro, toque, o amor que envolve o momento. A amamentação é muito mais que alimentação do bebê, é troca de carinho, um vínculo que se fortalece entre mãe e bebê, e a oportunidade de oferecer ao seu filho nutrientes e anticorpos que vão beneficiá-lo para o resto da vida. De 1º a 07 de agosto mundialmente comemora-se a Semana de Incentivo ao Aleitamento Materno. Está pratica é diariamente incentivada no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, através dos profissionais da Maternidade e CTI Neonatal e para reforçar essa ação, durante a semana, serão realizadas atividades especiais. Conforme a enfermeira gestora da Maternidade Fabiana de Andrade, especialista em Materno Infantil, na Semana Mundial de Incentivo ao Aleitamento Materno, as mães irão receber um cupcake temático, as unidades terão uma decoração especial e serão realizadas palestras e workshops com funcionários, para evidenciar ainda mais a importância da amamentação.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a amamentação salva cerca de seis milhões de crianças todo ano. Ela deve ser a única fonte de alimento do recém-nascido nos primeiros seis meses de vida, sem água, chás, bico e mamadeira, e continuada até dois anos ou mais. “O leite materno é um alimento único, exclusivo para o recém-nascido e que contém todos os nutrientes necessários para o seu crescimento e desenvolvimento em quantidade, proporção e qualidade adequadas. A digestão e a aceitação do leite materno pelo bebê são fáceis, pois os componentes são de origem humana, diferente das formulações artificiais, por isso, o leite materno não causa alergias e intolerâncias”, enfatiza Fabiana pontuando ainda alguns dos diversos benefícios da amamentação. “O leite materno é rico em anticorpos, protegendo o bebê de diarreia, infecções respiratórias e alergias. Além disso, pela sua proporção calórica adequada, reduz o risco de obesidade infantil, aumento do colesterol e Diabetes Mellitus no futuro. A amamentação possui relação com o desenvolvimento cognitivo, ou seja, da coordenação motora, atenção e memória e auxilia no desenvolvimento da musculatura da cavidade oral, por meio da sucção, facilitando processos de respiração, deglutição e fala”.
Mas, não é só o bebê que se beneficia com a amamentação, conforme Fabiana, a mãe também tem várias vantagens. “O leite materno está sempre na temperatura certa. É prático, não necessita de aquecimento como as fórmulas artificiais. Amamentar auxilia a reduzir o tamanho do útero, reduz a quantidade e o tempo de sangramento vaginal nos primeiros dias após o parto e diminui a incidência de Diabetes Mellitus, osteoporose, câncer de mama, de útero e de ovário na mãe. Além disso, a mulher que amamenta volta mais rapidamente ao seu peso normal”, salienta a especialista.
Para que a amamentação tenha êxito e seja benéfica para mãe e bebê é importante que as mães escutem as orientações de profissionais especialistas e sigam alguns passos, como por exemplo a posição pega correta para o bebê mamar. “A mãe deve colocar o bebê deitado de frente para o seu corpo (barriga com barriga), aproximar o bebê da mama, com a boca bem de frente para o mamilo, estimular a ampla abertura da boca do bebê, tocando em seu lábio com o mamilo. Depois disso, o bebê precisa abocanhar boa parte da aréola, tanto na parte de cima como na de baixo assim, a mama não vai doer, o mamilo não vai rachar e o leite não vai empedrar”, orienta Fabiana. Outra dica importante dada pela especialista é que o bebê mame uma das mamas até que a solte naturalmente, pois é importante para o bebê tomar o leite do começo, que tem mais água e por isso hidrata e mata a sua sede, e também o leite do final que é mais calórico e ajuda o bebê a ganhar peso. “Não segurar a mama entre os dedos em forma de tesoura porque isso interromper o fluxo de leite nessa região, além disso, no final da mamada, se o bebê não soltar a mama, coloque seu dedo mínimo no canto da boca e ele soltará o mamilo sem machucar. Depois de cada mamada deixe o bebê em pé por alguns minutos e em seguida o coloque deitado da barriga para cima”, complementa.
Um trabalho permanente
No ano passado, no HSVP nasceram 3254 bebês e sempre que a mãe e o recém-nascido tinham condições, receberam as orientações sobre amamentação. “Colocamos o recém-nascido para mamar ainda na primeira hora de vida como preconiza o Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde e mantemos uma equipe multidisciplinar capacitada e treinada para ajudar mães e bebês nessa hora. Depois da alta, se surgir algum problema a mãe pode vir até a Maternidade, onde receberá orientações e a ajuda necessária”, pontua Fabiana, informando ainda que o HSVP possui o Disk Amamentação, um canal onde a mãe pode solucionar dúvidas e pedir auxílio caso não consiga se deslocar até o hospital. O número é (54) 3316-4037 e qualquer mãe pode entrar em contato. “Também disponibilizamos a Sala de Coleta de Leite Materno para as mães que por algum motivo, não conseguem amamentar”.
Além do trabalho realizado pela equipe da Maternidade, Fabiana enaltece que a amamentação deve ser uma decisão da família. “Solicito sempre que a gestante procure informações e esclarecimentos antes do nascimento, pois quando o bebê nasce ela já deve ter decidido como será alimentação do seu filho. Deixo claro que ninguém é obrigada a amamentar sem vontade, esse ato deve ser voluntário e prazeroso. Mas, oriento sempre que essa mãe não desista na primeira dificuldade que surgir e não siga orientações de alguém que não entenda do assunto”, esclarece a enfermeira, relatando que nos 13 anos de trabalho na Maternidade ela percebeu que as mamães querem amamentar seu filhos mas que a ida para casa e as informações distorcidas acabam prejudicando o sucesso da amamentação. “Lembro sempre que, toda mãe é capaz de nutrir e alimentar seu filho basta querer, as dificuldades irão surgir mas elas não podem desistir no primeiro empecilho”.
Mitos e verdades
- Não existe leite fraco e que não sustente o bebê;
- Toda mãe é capaz de amamentar seu filho e produzir alimentação adequada;
- O tamanho da mama não influencia na quantidade e qualidade de leite produzido;
- Quanto mais o bebê sugar e água a mãe ingerir, mais leite ela terá;
- Mamoplastia redutora e próteses de silicone podem dificultar o sucesso da amamentação, mas devem ser sempre avaliadas por um especialista no assunto;
- A alimentação da mãe deve ser a mais variada possível, evitando somente alimentos estimulantes como café, refrigerantes, chocolate, chá preto e chá verde pois, deixarão o recém-nascido mais agitado;