O superintendente da 6ª Superintendência Regional do Daer, com sede em Passo Fundo, Luiz Antonio Moreira Teixeira, disse que o órgão não tem como resolver todos os pedidos relacionados a acessos de rodovias para os bairros da cidade, porque muitos deles são irregulares. A declaração foi feita durante audiência pública realizada pela Comissão de Patrimônio e de Desenvolvimento Urbano e de Interior (CPDUI). O que o Daer pode fazer, segundo ele, são estudos técnicos, capazes de evidenciar as possibilidades de obras e melhorias. Ainda, pontuou que há um problema crescente de mobilidade urbana, que deve ser resolvido entre o Estado e o Município, de forma conjunta. “Há 40 anos, quando foi construída a perimetral, foi por causa da mobilidade urbana. Os acessos estão virando um caos porque os bairros crescem e condomínios são construídos e a maioria deles é irregular. A mobilidade urbana tem que ser compartilhada”, defendeu.
O vereador Saul Spinelli, PSB, articulador da audiência apresentou um relatório com imagens sobre a situação de trevos e de acessos emvários pontos, citando, em especial o caso do Bairro Santa Marta, na ERS 324. As obras que muitos receberam, segundo o vereador, foram suficientes durante anos, mas, hoje, as estruturas não comportam com eficácia o fluxo de veículos, necessitando de novos projetos. “Que nós saiamos daqui com ideias para transformar em ações a serem executadas em curto, médio e longo prazo. O que não dá para fazer é não sentarmos para discutir uma cidade boa para todos”, enfatizou.
Durante a audiência, foi aberto um tempo para que a população se manifestasse. Luciana da Silva pediu uma atenção ao acesso à Vila Jardim, onde mora há 32 anos. Ela descreve que, de um lado da rodovia, há uma meia rótula e, do outro, não há nada nem acostamento, o que deixa os motoristas sem saber qual manobra adotar para entrar na vila e coloca pedestres em risco. “Falo como mãe. Naquele ponto, é uma disputa entre carros e pessoas, que querem atravessar a rua. Há crianças, indo e voltado da escola. A gente pede encarecidamente para que se faça alguma coisa, uma rótula decente. E pedimos, também, policiamento de vez em quando, pois, quando os motoristas avistam um carro da polícia, reduzem a velocidade”, disse.
Outras pessoas aproveitaram a oportunidade para deixar seus registros, voltados ao estado de acessos e a questões de sinalização. Proprietária de uma empresa que fica no Bairro Valinhos, Fátima Formigheri, atendeu a um pedido de seus funcionários para reivindicar no Legislativo uma obra que facilite a entrada no Distrito Industrial Rosseto. “Não temos acesso e entramos pelo posto. Isso é muito sério para uma cidade do tamanho de Passo Fundo. Estamos pedindo há cinco anos e são vocês (vereadores) que vão encaminhar essa solicitação”, declarou.
Fernando Dieckman, afirmou que o departamento está mobilizado para fazer um estudo que evidencie o cenário das habitações com relação ao eixo das rodovias. Conforme ele, audiências já foram realizadas em outros municípios com a mesma finalidade da que ocorreu na Câmara de Vereadores de Passo Fundo. “Estamos vivenciando uma difícil crise. O que fazer num quadro tão problemático, quando os municípios e a União com dificuldades? Nos unirmos. Essa foi a opção. Queremos nos aproximar das comunidades para ouvir o que elas e as administrações têm a nos dizer”, argumentou, enfatizando que as mudanças nas rodovias dependem, também, do que a legislação prevê.
O promotor de Justiça Paulo Cirne avaliou que as mudanças nas rodovias, precisam ser feitas porque foram realizadas há muito tempo e não acompanharam o aumento populacional e do tráfego de veículos. “Se é realizada uma audiência, é porque existe um problema. A posição inicial do Ministério Público é de buscar uma solução junto ao Daer e à Prefeitura para que isso seja equacionado o mais rápido possível, sob o comprometimento de que ambos estudem alternativas”, enfatizou.
O promotor reconhece as limitações dos cofres públicos, mas esclarece que o planejamento deve ser feito, condicionando a obras de curto, médio e longo prazo, o que pode, aos poucos, melhorar efetivamente o dia a dia de motoristas e pedestres. “Se nós não planejarmos o futuro e não pensarmos na solução desses problemas, eles continuarão existindo e, daqui cinco anos, estaremos discutindo os mesmos, mas com um aumento do número de acidentes. Sabemos que não há condições de fazer todos os acessos e lombadas eletrônicas do dia para a noite. Porém, temos que ter um planejamento”, justificou.
Mapeamento
Como encaminhamento da reunião, estão o mapeamento dos pontos apontados como problemáticos e o compromisso da realização de outros encontros. O presidente da Comissão de Patrimônio e de Desenvolvimento Urbano e de Interior, Luiz Miguel Scheis (PDT), que presidiu a audiência, lamentou a ausência do Executivo na discussão e relatou que as observações feitas pela população nortearão avanços. “Foi uma audiência muito produtiva, com a presença da comunidade, associação de moradores e empresários. Registramos, com tristeza, a ausência do Executivo, através da Secretaria de Planejamento (Seplan), num tema tão importante para a nossa comunidade”, ressaltou.