Humanização da medicina é foco de projeto de extensão

Acadêmicos do primeiro nível do curso de Medicina participaram de oficinas de sensibilização por meio da imagem

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O projeto de extensão ComSaúde, vinculado à Faculdade de Medicina (FM) e à Faculdade de Artes e Comunicação da Universidade de Passo Fundo (FAC/UPF), promoveu na tarde dessa quarta-feira, 16 de agosto, uma atividade com os acadêmicos do curso de Medicina nível I. A atividade integrou a disciplina de Saúde Coletiva, ministrada pela professora Carla Gonçalves. Os acadêmicos, divididos em dois grupos, participaram de dois momentos diferentes: uma oficina com o tema “Leitura de imagem e narrativa visual”, com a professora e coordenadora do ComSaúde, Cristiane Barelli, e uma visita guiada à exposição “Olá, cidade”, com a professora Fabiana Beltrami, autora da exposição e também integrante do projeto. As atividades aconteceram na Galeria Estação da Arte, no Parque da Gare. 

A atividade, de acordo com a professora Cristiane Barelli, faz parte do objetivo da Universidade de promover a curricularização da extensão, ou seja, levar as atividades dos projetos de extensão para dentro dos cursos de graduação, integrando-se com as disciplinas. A ideia de levar essa atividade para a disciplina de Saúde Coletiva foi, ainda segundo ela, com o objetivo de sensibilizar o olhar dos acadêmicos para que eles possam ser preparados para uma comunicação sensível com os pacientes, com as famílias e com as comunidades. “Daqui a alguns dias eles vão fazer diagnósticos de comunidade, vão visitar bairros, conversar com as pessoas, então a gente entendeu que como eles recém chegaram na Universidade e vem de um mundo que às vezes estava meio fechado, focados em passar no vestibular, seria importante abrir esse olhar deles de uma forma mais crítica, mais sensível, mais respeitosa”, explicou a professora. 

Imagem e sensibilização

Para promover essa sensibilização, as professores escolheram a imagem como ferramenta. Para a professora Cristiane, para que a comunicação na saúde seja efetiva, é preciso que tenha elementos de sensibilidade e de escuta ativa e a imagem tem a capacidade de despertar isso nos acadêmicos. “Nós estamos investindo em quem vai ouvir pessoas, mas queremos também que eles trabalhem em se ouvir, porque eles são seres humanos antes de serem médicos. Quanto mais humanos forem, certamente serão médicos mais humanizados. A ideia de trabalhar essa mediação da leitura da imagem é para quebrar essa dureza do cotidiano também. A gente passa todo dia na mesma rua e não observa detalhes e isso vai endurecendo a gente, vai nos distanciando do que é mais importante na vida que é esse cuidar do outro e cuidar de si”, comentou. 

Na opinião da professora Fabiana Beltrami, autora da exposição “Olá, cidade!”, que foi patrocinada pelo projeto ComSaúde e propõe um olhar sobre a cidade de Passo Fundo em comemoração aos 160 anos do município, a ideia é justamente fazer com que os alunos possam ver os espaços pelos quais circulam, como são constituídos, como as pessoas se relacionam com ele.  “Aqui na exposição eles podem ver um olhar mais aproximado de coisas que não enxergam no seu cotidiano, de tentar ver melhor os detalhes da cidade, de perceber o quanto é importante o cuidado em se ver, em olhar aquilo que está diante deles de uma forma reflexiva, sem julgamentos. Ter essa experiência de que estar na cidade, estar no bairro também é uma vivência, faz parte da nossa saúde”, ressaltou a professora que acredita que como profissionais da medicina, os acadêmicos precisam desse cuidado de se ver. “Quando eu estou na cidade e eu a observo, eu tenho muito mais propriedade em participar dela, em cuidar dela e no caso de um médico, quando ele está tratando uma doença, esse olhar, esse cuidado de aprofundar o que ele vê, o que ele pergunta, o que ele questiona para as pessoas e a fotografia ajuda nisso. Não é à toa que a fotógrafa Dorothea Lange dizia que a fotografia ensina a ver”, finalizou Fabiana. 

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