Quem chega à Feira do Produtor de Passo Fundo sabe que encontrará uma diversidade de produtos in natura ou produzidos por agroindústrias. Além dos preços atraentes, um novo projeto desenvolvido em parceria com a Emater tem garantido que os clientes encontrem novidades em pães e massas. Os novos produtos apresentam uma série de características diferenciadas, entre elas o maior valor nutricional e, é claro, o sabor. Mas um dos principais ganhos é a possibilidade de incremento de renda e da manutenção do jovem no campo.
A extensionista social da Emater de Passo Fundo Sandra Bressan Gayger explica que a preparação para o desenvolvimento do projeto começou há dois anos com a capacitação dos técnicos da Emater que replicariam as técnicas com os produtores. Hoje, cerca de 30 pessoas já participaram dos cursos divididos em módulos organizados por temas específicos. Para isso, foi realizado um diagnóstico que apontou as necessidades dos produtores. Os feirantes tinham o interesse em oferecer produtos diferenciados, pois muitos deles comercializavam apenas as mesmas coisas. A partir disso, foi feita a organização da agenda de capacitações.
Novidades para os produtores e consumidores
Essa agenda começou a ser cumprida neste ano. Ela iniciou com a capacitação para a produção de massas. Entre as técnicas repassadas, a produção de massas coloridas de espinafre, açafrão, cenoura e beterraba. “Trabalhamos ainda com cacau para as lasanhas doces que seria mais um produto diferenciado. Depois tivemos a capacitação de massas recheadas, como tortei, lasanha, canelone, ravióli e capeletti”, explica Sandra. As capacitações aconteceram em agroindústrias já instaladas no município e que cederam o espaço para as atividades.
Na sequência, o foco foi o desenvolvimento da panificação. “Mostramos pães diferentes e receitas melhoradas. Os pães integrais, por exemplo, eram feitos com misturas prontas, então elas tinham um custo mais alto e não traziam tantos benefícios pra saúde. Trabalhamos com a farinha integral para que ele seja mais saudável”, explica sobre a importância do trabalho. Na capacitação foram repassadas formas de produção de oito tipos de pães e trabalhados temas como o enriquecimento nutricional e a melhoria estética dos produtos para torná-los mais atrativos.
Conhecimento e criatividade
Muitos dos produtos já estão disponíveis na Feira do Produtor – que acontece nas segundas e quartas-feiras e aos sábados. Além da qualidade nutricional dos produtos ter melhorado, assim como a estética, é perceptível um aumento significativo nas vendas, embora ainda não haja um dado finalizado sobre esse crescimento.
Quem participou das atividades de capacitação também pode unir a criatividade para a criação de novos produtos. A massa do pão brioche, por exemplo, é moldada em diferentes formatos e combinada com recheios e coberturas que tiveram boa aceitação dos consumidores.
Jovem no campo
Outro ponto importante destacado por Sandra diz respeito à participação dos jovens nas capacitações e também envolvidos com a produção nas propriedades. “Quem comercializa são os jovens da família. E eles podem ficar no campo, com boa renda e qualidade de vida maior do que na cidade. As mães e pais estão conseguindo passar essa ideia, porque tendo novidades, estão aumentando a produção e a renda e mantendo os filhos no campo”, comemora.
A jovem Janaine Strello, de 20 anos, participou das capacitações e comemora os resultados já obtidos. Ela chegou a deixar a casa dos pais no interior para morar na cidade, mas viu na produção de massas e panificados a oportunidade para voltar. A família Strello trabalha com a produção de massa há cerca de 20 anos, sempre em busca da complementação da renda. Hoje, a agroindústria se tornou a principal fonte de renda da propriedade de dois hectares que também era usada para horticultura. “A partir da capacitação, nossas vendas aumentaram cerca de 30%, foi bem significativo. Também começamos a inovar com mais produtos e tivemos uma aceitação bem grande”, avalia sobre os resultados.
Janaine é acadêmica do curso de Engenharia de Alimentos na UPF e busca a formação visando dar continuidade e ampliar o trabalho na propriedade rural. “Antes fazíamos somente a massa caseira tradicional e a partir da capacitação começamos a fazer massas e pães coloridos. E nesse último módulo, desenvolvemos a massa de brioche e estamos fazendo cucas diferentes e pães diferentes com o que aprendemos”, exemplifica. O principal ponto de comercialização ainda é a Feira do Produtor, mas a família também entrega também para alguns restaurantes. “Nossa massa caseira tradicional é o que mais tem saído, e o capeletti no inverno. Queremos cada vez mais nos qualificar para melhorar a produção e aumentar o lucro”, completa.
Certificação
Em busca da qualificação constante do trabalho das agroindústrias, a Emater estimula ainda que os produtores busquem a certificação do selo Sabor Gaúcho. É por meio dele que os produtos são identificados nos supermercados, feiras e pontos de vendas, como sinônimo de produtos oriundos de agroindústrias familiares rurais produzidos artesanalmente, com desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda no campo e preservação do meio ambiente.
Próxima capacitação
O próximo módulo de capacitação acontece no dia 21 de setembro e abordará a produção de pães doces e com recheio.