Meteorologista explica a formação do fenômeno

Temperaturas baixas do Atlântico Sul impedem que furacões se formem nesta região

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Gilberto Cunha é agrometeorologistaGilberto Cunha é agrometeorologista
Gilberto Cunha é agrometeorologista
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O mundo tem acompanhado com preocupação o rastro de destruição deixado pelo Furacão Irma no hemisfério Norte. O fenômeno está associado aos oceanos de águas quentes, principalmente acima dos 27ºC. Apesar deste tipo de grande tempestade tropical ocorrer em outras partes do mundo, onde podem ser chamados de ciclones ou tufões, no Atlântico Sul não é um evento comum. Isso porque, as águas mais frias impedem essa formação. Por aqui, especialmente na primavera e no outono, o mais comum são os tornados que, apesar de atingirem áreas menores, podem ter ventos de velocidades muito superiores aos de um furacão.

Quem explica todas essas diferenças é o agrometeorologista da Embrapa Trigo Gilberto Cunha. Segundo ele, furacões são grandes tempestades tropicais que tem origem sobre grandes massas de água, no caso, os oceanos, com temperaturas acima dos 27C. “São mais comuns no oceano Atlântico Norte e no mar do Caribe que têm essas características de águas quentes. No Atlântico Sul as temperaturas são inferiores a 27ºC”, inicia. Conforme a região do planeta em que ocorre, o fenômeno recebe diferentes nomenclaturas: furacões são ciclones tropicais que se formam no Atlântico Norte e no mar do Caribe; quando se formam no Pacífico, são chamados de tufões; e no oceano Índico são chamado de ciclones.

Formação

Esses fenômenos se formam sobre esses oceanos, todos com águas acima dos 27ºC, devido à liberação de energia gerada pela mudança do estado físico da água do líquido para o de vapor. Eles se deslocam rumo aos continentes e quando os atingem, se exterminam. O centro de baixa pressão, o olho do furacão, é uma região que tem ar descendente e é uma área de calmaria. “Por isso que sempre quando passa um furacão sobre uma ilha ou continente, em um primeiro momento tem a tempestade e depois tem um momento de calma e depois passa o restante do furacão”, explica.

Tornados

Cunha explica que o fenômeno mais comum em desastres no Estado são os tornados, que são diferentes dos furacões pela origem e entre outras características. Os tornados se formam nos continentes, têm dimensão menor e tempo de vida que pode durar apenas alguns minutos, enquanto furacões podem durar até uma semana. Por outro lado, os ventos de um tornado podem ser muito mais fortes que o de um furacão. Apesar disso, os danos causados por um tornado são menores em relação aos causados por um furacão por ser um fenômeno que atinge áreas em menor escala e também pelo menor tempo de duração.

Os tornados são mais comuns na primavera e no outono e são similares aos que ocorrem nos Estados Unidos, por exemplo. Cunha destaca que o potencial da destruição depende muito da vulnerabilidade das áreas atingidas. As forças dos tornados são classificadas conforme a velocidade dos ventos. Eles ocorrem devido aos centros de baixa pressão e movimentos ascendentes de ar muito fortes.

“Furacão Catarina”

O evento mais parecido com um furacão registrado no Rio Grande do Sul e Santa Catarina foi o chamado “Furacão Catarina”, registrado em março de 2004. Até hoje os meteorologistas acabam classificando o fenômeno como um ciclone extratropical e não como um furacão.  Cunha explica que se fosse classificado como um furacão, o Catarina seria de categoria um, devido a força de seus ventos. Desde o início do monitoramento dos oceanos por satélites, em 1961, este foi o único evento do tipo registrado nesta região.

Nomes dos furacões

A denominação dos furacões com nomes de pessoas foi influenciada pela literatura. Em 1941, o romancista americano George Stewart lançou o livro chamado Storm que tinha como personagem um furacão chamado Maria. A partir disso os furacões passaram a receber nomes femininos até por volta de 1978, quando a pressão de movimentos feministas motivou a alternância de nomes masculinos e femininos.

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