Problematizar a questão da acessibilidade, ampliando a discussão sobre esse tema foi o que propôs o Encontro da Rede de Formação de Professores do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), realizado nesta sexta-feira, dia 15 de setembro, na Universidade de Passo Fundo (UPF). O evento, que aconteceu no auditório da Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis (Feac), teve o objetivo de capacitar os professores, tendo a “Acessibilidade” como tema principal.
O encontro, organizado pela UPF, contou com a participação de professores oriundos de diferentes Universidades que fazem parte do Comung, de instituições como Universidade de Caxias do Sul, Universidade de Santa Cruz do Sul, Centro Universitário Metodista IPA, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Universidade de Cruz Alta, Universidade do Vale do Taquari, Universidade Feevale, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões.
Reitor da UPF e atual presidente do Comung, o professor José Carlos Carles de Souza comentou que, ao longo dos anos, a UPF tem se preocupado com as questões da educação, principalmente no que se refere à inserção. “A acessibilidade é algo que está presente na nossa sociedade e as instituições de ensino precisam estar à frente dessa grande demanda, que vem ao encontro do interesse social. Nesse cenário, não poderíamos deixar de fomentar, entre nossos professores, a formação adequada para atender a essa questão”, disse.
Presente no evento, a vice-reitora de Graduação, professora Rosani Sgari, destacou que, ao quebrar barreiras, é possível ter uma compreensão mais clara do que realmente significa acessibilidade. “É preciso dimensionar a questão da inclusão no que diz respeito a todos os quesitos, sejam atitudinais, de ambiente ou físicos. São muitas as formas de incluirmos o nosso aluno e nosso cidadão. Compete à Universidade ser protagonista nesse cenário”, enfatiza. O encontro também contou com a presença do vice-reitor Administrativo, Agenor Dias de Meira Junior.
Acessibilidade = Eliminar barreiras
O evento iniciou com a apresentação do Grupo de Extensão Musicografia Braille da UPF. A musicografia é considerada, hoje, um instrumento de inclusão. O projeto oferece suporte aos envolvidos para aprender a ler, escrever, transcrever e interpretar uma partitura musical através do sistema Braille. É um espaço que acolhe, também, pessoas com deficiência visual da comunidade.
Após a apresentação, o encontro seguiu com a palestra com a professora Dra. Suzana Schwerz Funghetto, que versou sobre “A lei da inclusão e suas implicações no ambiente educacional”. Segundo ela, é preciso eliminar barreiras. “Eliminado barreiras, principalmente atitudinais, estaremos cumprindo os aspectos constitucionais de uma educação para todos. É lei e temos várias leis que trabalham o tema acessibilidade e inclusão”, explica ela, enfatizando que, desde 2015, foi publicado pelo Congresso Nacional o Estatuto da Pessoa com Deficiência, norma que entrou em vigor em 2016 e estabelece que todas as instituições têm que ser inclusivas para o público de educação especial.
Para ela, ainda há muito o que avançar. “Toda a instituição de ensino tem a missão de formar cidadãos e, com isso, atomicamente, deveria eliminar barreiras. Nossa sociedade não convive bem com as diferenças. Existe a padronização naquilo que é belo, perfeito, na inteligência e no modo de aprender. No dia a dia da instituição, são encontradas dificuldades nessas adaptações”, frisa. O primeiro passo, para ela, seria ter um núcleo de acessibilidade, a exemplo do que a UPF já disponibiliza. “Além disso, é necessário ter uma política inclusiva que trabalhe com foco nos professores, técnicos e comunidade externa”, conclui.
Suzana é graduada em Educação Especial (Licenciatura) e mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. É doutora pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências e Tecnologias da Saúde da Universidade de Brasília. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em educação especial, educação superior, avaliação, educação em saúde, acessibilidade, escolas de governo e formação de professores. Atuou no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) como Coordenadora-Geral de Avaliação dos Cursos de Graduação e IES.
Rede de Formação
A Rede de Formação de Professores do Ensino Superior do Comung foi constituída no início de 2014, com a adesão formal e participação das 15 Instituições de Ensino Superior. Uma série de encontros sistemáticos ocorre desde a sua constituição, debatendo temas que envolvem o universo docente, como megatendências, cenários futuros e os reflexos no Ensino Superior. A Rede também propôs a criação de um curso de Especialização em Docência no Ensino Superior, apresentado ao Comung.
Dentre as ações da Rede, que em 2017 já teve outros encontros, está a atividade realizada neste dia 15 de setembro, na UPF. Além da palestra com a professora Suzana, sobre Acessibilidade, o evento contou com a participação do Setor de Atenção ao Estudante (Saes). Na oportunidade, houve uma reunião do Comitê Gestor da Rede e três oficinas, que abordaram temas como “Em tempos de inclusão: como planejar a ação docente?”; “Aluno apoiador - Estratégias pedagógicas de inclusão e permanência no ensino superior”; e “Vivenciando a acessibilidade e a inclusão na universidade”. A atividade encerrou com um passeio pelo Campus I da UPF.