As correspondências dos Correios seguem com atraso em Passo Fundo e região. A reclamação é constante e frequentemente recai sobre os próprios funcionários da empresa. Com sistema alternado de entrega, há um de rodízio de bairros: a cada semana, os carteiros revezam-se para entregar as correspondências de regiões diferentes da cidade, o que faz com que outras fiquem sem recebimento. “Isso acaba formando uma ‘bola de neve’. É impossível evitar o atraso”, disse o diretor estadual do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect), Gelson Zapello. Segundo ele, o problema não se resume apenas a Passo Fundo, mas também a toda região, além do estado e do país. “É um problema que os Correios de todo Brasil estão tendo”, completou. Hoje cerca de 70 carteiros operam na cidade. O ideal, no entanto, é que existissem pelo menos 100 profissionais para dar conta da demanda. “Está cada vez pior, porque quando um colega sai por aposentadoria ou algo do tipo, a empresa não repõe e todo o resto fica defasado”, explicou o representante da categoria.
O problema persiste há pelo menos dois anos em Passo Fundo. Há exato um ano, no final de agosto de 2016, a categoria mobilizou-se no centro da cidade para pedir pela contratação de um número maior de servidores. Agora é possível que a mobilização se repita em alguns dias. Isso porque a categoria negocia com o sindicato patronal o reajuste do dissídio. De acordo com o sindicato, é possível que a instituição retire a cláusula de contratação do contrato dos trabalhadores. “Se isso acontecer, não teremos mais contratações nem concursos públicos. Isso significa que poderão, mais para frente, terceirizar o trabalho do carteiro”, disse Zapello. Para tentar resolver o impasse, a categoria deve se reunir em assembleia nesta terça-feira (19), às 19h30, para buscar maneiras de evitar que isso aconteça. A assembleia acontece em todo país concomitantemente. Dependendo das negociações, há possibilidade de greve.
Uma média de 400 correspondências é entregue todos os dias por cada carteiro, mas o número é variável. “Em alguns distritos podemos ter 300 entregas por dia, em outros 1.500. No bairro São Luiz, por exemplo, podemos entregar, em 24 horas, 400 envelopes, enquanto no centro podem ser entregues 1.500”, explicou.
O que dizem os Correios
Em nota, os Correios afirmaram que não há situação de atraso generalizado em Passo Fundo. De acordo com a instituição, em alguns bairros – como Vera Cruz e Zacchia – há dificuldade de entrega por conta da numeração irregular das residências. Já em locais como a Avenida Rio Grande e as ruas Tapejara, Princesa Isabel e Epitácio Pessoa existem casas com mais de um número, o que também causa transtornos durante a tentativa de distribuição das correspondências. A empresa ainda afirmou que outros problemas recorrentes são a falta de caixas receptoras em algumas residências e a presença de cães soltos em algumas ruas, oferecendo riscos aos carteiros.
Além disso, existe outro fator que dificulta o trabalho dos Correios: o uso incorreto do CEP no endereçamento das faturas. “Apesar de Passo Fundo contar com codificação por logradouro há bastante tempo, muitos moradores ainda informam o antigo CEP único da cidade. É extremamente importante que a população divulgue o CEP atualizado aos seus correspondentes (pessoas e empresas que lhes enviam cartas e encomendas), para que os Correios possam realizar a distribuição com mais rapidez e eficiência”, manifestou a empresa.
Buscando manter a entrega em dia nos locais em que há maior dificuldade, os Correios também promovem a realização de horas-extras e mutirões aos finais de semana. “A utilização do sistema alternado de entrega (quando os carteiros visitam os bairros com um dia de intervalo) também é uma medida tomada pela empresa para preservar os prazos de entrega das correspondências. Ou seja, mesmo com a adoção desse sistema, a triagem dos objetos postais é feita prevendo a chegada ao destinatário sem atraso”, destacou a nota.
A empresa também destacou que, hoje, os dois centros de distribuição domiciliárias da cidade – responsáveis pela entrega das correspondências – contam com cerca de 80 carteiros. “Diante da reestruturação organizacional e da reorganização dos processos produtivos, os Correios ainda estão reavaliando todos os estudos relacionados ao quantitativo da força de trabalho em cada localidade”, completou.
Em caso de atraso, fale com os Correios
Para que os Correios consigam verificar os casos pontuais de atraso, é importante que a população utilize os canais oficiais da empresa para registrar as reclamações e resolver possíveis dúvidas. A empresa disponibiliza o “Fale com os Correios”, no site www.correios.com.br, e a Central de Atendimento aos Clientes dos Correios (CAC), pelo telefone 0800 725 0100 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 14h).