Flicom abre espaço para a discussão sobre narrativas

Relação entre as contribuições (ou não) do jornalismo para a escrita de livros de ficção foi o mote do debate dos escritores Luize Valente, Henrique Rodrigues e Fernando Molica, com mediação de Felipe Pena

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Flicom é realizada na 16ª Jornada Nacional de Literatura. Programação segue até esta quarta-feira, 4 de outubroFlicom é realizada na 16ª Jornada Nacional de Literatura. Programação segue até esta quarta-feira, 4 de outubro
Flicom é realizada na 16ª Jornada Nacional de Literatura. Programação segue até esta quarta-feira, 4 de outubro
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O que a narração jornalística e a narração ficcional tem em comum? Para os escritores Luiz Valente, Henrique Rodrigues e Fernando Molica, é somente o fato de contarem uma história. Enquanto uma trata de personagens reais a outra se vale de personagens criados. Esse foi o debate da primeira mesa da Flicom – Festa Literária da Comunicação, evento paralelo à 16ª Jornada Nacional de Literatura, que começou na tarde desta terça-feira (3), com coordenação e mediação do escritor e jornalista Felipe Pema, no Auditório do Laboratório Central de Informática da Universidade de Passo Fundo, que teve como tema Fronteiras entre Ficção e Realidade nas Narrativas Contemporâneas.  “No jornalismo, na reportagem, o que fazemos é contar uma história que aconteceu. São fatos reais, pessoas que existem. Contamos uma verdade na melhor versão possível”, argumenta Molica, que é jornalista e escritor. Já na ficção, segundo ele, pode-se usar de um pano de fundo real, mas os personagens são criados. “Na ficção, se busca algo novo no personagem e há a possibilidade de trabalhar com a dúvida, podemos apostar no personagem, dar um novo olhar, mesmo que este seja um criminoso, por exemplo. Entretanto, o jornalismo é sempre conservador e o parâmetro dele é a lei”, explica.

Ficção e realidade 

Neste mesmo sentido, Rodrigues, que é produtor cultural e escritor, aposta que a questão está em perceber o que é ficção e o que é realidade. “É preciso entender a representação simbólica e perceber o que é arte e o que é realidade”, avalia. Para ele, mesmo na ficção, o autor acaba procurando o que chama de “ambiente familiar”, ou seja, escrever sobre algo que conhece, seja por vivência ou por estudo. Dessa forma, ele acredita que neste estilo: “tudo é autoficção e nada é autoficção”, brinca. Luize Valente, jornalista e escritora, analisa ainda que na ficção é mais fácil transitar com personagens, mesmo que o pano de fundo seja real. Ela, que já escreveu dois livros de ficção, onde o judaísmo é o pano de fundo, mas os personagens não são reais, aleta que, nestes casos, afirma que deve haver uma verossimilhança interna: “o pano de fundo pode ser real, mas a história é ficcional e muitas vezes é preciso adaptar o personagem ao que aconteceu. É uma realidade que existe, contudo com personagens que são criados. Para escrever, posso me valer da pesquisa minuciosa que aprendi a fazer como jornalista, verificando cada dado, cada acontecimento, mas usar personagens que não existiram. Isso é ficção”, destaca.

 

Flicom: parceria com eventos literários

A Festa Literária da Comunicação – Flicom é um evento em parceira com a Intercom, que é a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação que promove um dos seminários e congressos mais importantes de debates entorno da comunicação, e também em parceria com feiras literárias. Em Passo Fundo está acontecendo a terceira edição. “A ideia é sempre promover debates com a participação de jornalistas e produtores culturais que também façam literatura”, comenta Felipe Pena, jornalista e escritor que coordena o Flicom. Além dos debates da tarde desta terça, outros dois estão marcados para a quarta-feira, dia 4 de outubro. Confira.

 

- Das 14h às 16h

Booktoubers, Bloggers e Plataformas Digitais: a Leitura na Rede

Participação: Daisy Carias, Denise Guilherme, Flávia Schemer e Vana Campos

Mediação: Felipe Pena

 

- Das 16h às 18h

Interações, Performances e Recursos Estilísticos

Participação: Afonso Borges, Sonia Virginia e Tico Santa Cruz

Mediação: Felipe Pena

 

 

 

 

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