Um grupo de 116 indígenas ocupa, desde a tarde de segunda-feira, a sede regional da Fundação Nacional do Índio (Funai). Eles são parte de um dos grupos envolvidos no conflito da Terra Indígena do Ligeiro, em Charrua. Eles buscam, junto a Funai, uma forma de resolução do conflito para que possam retornar à aldeia. A Fundação, no entanto, não pode deliberar sobre a disputa do cacicado, mas atua como mediadora do conflito a fim de ajudar as partes a encontrarem um consenso. O coordenador regional da Funai, Lauriano Artico, explica que o conflito atual se estende há 45 dias, mas a disputa naquela região é histórica entre os indígenas. Um dos grupos teve as casas queimadas e acabou se acampando no ginásio do município. “Neste momento, numa maneira de pressionar e protestar, eles ocupam a Funai de maneira pacífica, mas o fato deles estarem aqui demonstra que não houve solução”, pontua Artico.
Segundo o coordenador, já foram feitas várias reuniões com ambos os grupos individualmente e em quatro oportunidades reuniões com ambos os grupos. “Sempre teve possibilidade de diálogo, o problema é que as duas partes continuam mantendo as mesmas posições. O grupo que está fora, parte aqui e parte no ginásio, quer volta para a reserva desde que indiquem o cacique e quem está na reserva aceita que voltem desde que no cacicado deles. Ai está o grande conflito”, resume. A Funai atua a fim de encontrar uma forma de unir os dois grupos para que eles encontrem um consenso e possam voltar a viver em paz. “Não temos poder de intervir. Atuamos sempre como mediadores, não nos posicionando nem de um lado nem de outro, mas mediando”, reforça. Os conflitos na Terra Indígena do Ligeiro são um problema histórico. O último deles havia sido registrado em 2014. Naquela área moram cerca de 1,4 mil indígenas.
Os indígenas que ocupam a sede da Funai buscam o apoio da Funai e do Ministério Público para poderem retornar as suas aldeias. Conforme Divaldo Lima, um dos integrantes do grupo que ocupa a sede da Fundação, eles temem pela segurança das pessoas que tiveram que acampar no ginásio. “Eles querem ficar como liderança a força”, reforça referindo-se ao outro grupo de indígenas. No mês passado, um indígena de 26 anos foi morto a tiros.