Respeitável público, o show vai começar! Desta vez, não só para os inscritos, mas para qualquer pessoa que quiser fazer parte da experiência da 16ª Jornada ou 8ª Jornadinha Nacional de Literatura. Nesta quinta-feira (5), o espetáculo ‘Jornada de livros e sonhos’, da Cia da Cidade, vai ser aberto para toda comunidade. O encontro deve começar a partir das 18h, no Espaço Ariano Suassuna, na área do Centro de Eventos do campus I da UPF. Movimentos, cores e luzes são as premissas básicas vistas no espetáculo. Durante a apresentação, o espectador divide-se entre dois palcos, onde acontecem cenas diferentes. A composição, que dura cerca de 1h30, leva o ouvinte ao encontro dos quatro autores homenageados pela Jornada neste ano: Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispectos e Moacyr Scliar. “Entramos aos 47 [minutos] do segundo tempo na produção desta abertura da Jornada”, contou um dos diretores da peça, Piéterson Duderstadt. “É um espetáculo que requer no mínimo quatro ou cinco meses de trabalho e tivemos menos de 60 dias. Foi um trabalho muito árduo, mas a equipe de criação foi fantástica. Somos uma equipe executiva muito grande, então só foi possível por causa disso”, completou ele. Quem visita os bastidores entende o porquê disso. São mais de 500 figurinos, pelo menos 130 atores e musicistas e uma equipe técnica de cerca de 50 profissionais. Na produção logística está Kuka Bonfante, que junto de um grupo de produtores, recebe e organiza a troca de figurino dos atores.
Transformação
O responsável pela transformação física dos atores é o maquiador paulista Roger Ferrari. No ramo há 16 anos, executou todas as maquiagens do espetáculo. A mais demorada, como conta, é, de longe, a de Ariano Suassuna. O ator Julio Pitthan fica até 2h sentado para receber a maquiagem. Ele precisou raspar o cabelo e barba para receber os apliques que remetem ao escritor nordestino, falecido em 2016. “Usamos produtos bem específicos, que precisam cumprir a função tanto nas imagens quanto no palco”, comenta ele, enquanto maquia uma das cantoras do espetáculo. Todo o conjunto de figurinos levou cerca de 25 dias para ficar pronto. Existe uma equipe de cinco costureiras de plantão, além de uma profissional permanente. “Como é tudo artesanal, em cada espetáculo precisamos fazer reparos, então é essencial a presença destas profissionais”, ressaltou Piéterson.
Inspiração e processo criativo
Quem assistir ao espetáculo percebe a expansão criativa dos diretores e roteiristas. A inspiração, como conta Piéterson, vem de um pequeno baú onde são colecionadas inspirações cotidianas. “Todos os dias vou guardando coisas e mais coisas que é para eu usar quando aparecem trabalhos como estes. É um processo criativo que se inspirou nos quatro autores e na Literatura que, para mim, é a mãe das artes”, disse. Quando foi estudar Moacyr [Scliar], por exemplo, remeteu-se a infância, quando sonhava com minotauros e centauros – personagens da mitologia grega. “Quando decidimos fazer o espetáculo percebemos que teríamos um público de três mil adultos e 20 mil crianças. A partir disso tentamos focar na criança que existe dentro de cada um de nós”, lembrou o diretor. Mas como transformar uma obra como ‘O centauro no jardim’, de Scliar, em algo compreensível e, principalmente, acessível ao público infantil? “Busquei no meu baú e encontrei o teatro de sombras. As figuras na sombra junto com a música, conseguem mostrar como os diferentes são iguais e fazem mais ou igual que qualquer um – uma das essências do livro”, terminou.
Sombras
O responsável pelo jogo de sombras é o sombrista Alexandre Fávero, do Clube da Sombra, de Porto Alegre. “De alguma forma, as crianças já viram monstros e sabem o que é a mistura de um animal com um ser humano. A linguagem funciona por causa disso: nos alimentamos das imagens do inconsciente coletivo para produzir revelações de sonhos, do impossível, do mundo dos medos. É um audiovisual diferente de qualquer outra tecnologia justamente porque é feito na hora, em formato de teatro”, explicou. Para projetar as sombras no telão principal, os atores usam papeis e vidros em frente a lâmpadas que ficam sobre o palco. Elas foram construídas manualmente para o espetáculo.
Trilha sonora
A autoria das músicas é originalmente composta pela Cia da Cidade, exclusiva para o espetáculo. Todas as canções são executadas e interpretadas ao vivo.