Passo-fundense conta experiência na Irlanda

Fenômeno causou a morte de pelo menos três pessoas durante a passagem pela Irlanda

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Prejuízos causados pela tempestade estão na faixa de 500 a 800 milhões de eurosPrejuízos causados pela tempestade estão na faixa de 500 a 800 milhões de euros
Prejuízos causados pela tempestade estão na faixa de 500 a 800 milhões de euros
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A passagem do Furacão Ophelia pela Irlanda causou a morte de pelo menos três pessoas nessa segunda-feira. A ex-moradora de Passo Fundo, Liliane Catto, reside na Irlanda e vivenciou a passagem do fenômeno. Apesar dos danos causados no país, a região onde a brasileira está sofreu um impacto menos intenso. Mesmo assim, aulas foram canceladas e houve alerta para que as pessoas não saíssem de casa.

Ela conta que toda a Irlanda ficou em alerta vermelho. O furacão nasceu no Oceano Atlântico e se deslocou em direção à Europa, o que não é muito comum. No domingo, 15, o furacão chegou à categoria 3, numa escala de 5. Mais de 140 voos foram adiados, as aulas e serviços de transporte público cancelados, a maioria das empresas fechou as portas e a população foi orientada a ficar dentro de casa. Os ventos chegaram a mais de 190 km/h no extremo sul do país e gerou ondas de até 10 metros de altura, segundo informações divulgadas pelos meios de comunicação irlandeses.

Apesar dos alertas, Liliane conta que as pessoas não estavam preocupadas. “Eu acabei não me preocupando também. Inclusive os próprios irlandeses estavam levando tudo mais na brincadeira, com piadas nas redes sociais e muito bom humor. Em nenhum momento eu fiquei com medo, diferente de quando acontece tempestades no Brasil. Não que aqui eu não me preocupe, mas o clima irlandês já é mais propenso a ventos e chuva”, compara.

No domingo a noite, ela foi chamada pelos donos da casa onde ela trabalha que explicaram que as crianças não teriam aula e que todos deveriam se manter dentro de casa. “Neste momento eu fiquei com medo, pois teria que ficar em casa sozinha com as crianças e na minha cabeça só passava: ‘E se acontecer algo, o que eu faço com as crianças?’”, lembra. Segundo ela, as pessoas não têm uma preparação especial para a ocorrência de fenômenos meteorológicos do tipo. Na segunda-feira, as empresas não tiveram expediente e toda a família acabou fincando em casa aguardando a chegada do Ophelia.

Com o alerta, as pessoas se abasteceram com comida e água, além de velas. Os mercados fecharam as portas e havia previsão de falta de energia. “Na segunda-feira, dia do furacão, aqui em Bray (minha cidade), pela manhã havia um sol lindo, mas pela tarde teve vento e chuva. Comecei a ficar com um pouco de medo quando vi a notícia da primeira vítima. Aqui foi bem tranquilo, mas na região sudoeste teve muitos danos”, relata. Apesar disso, ela explica que, diferente do que aconteceu nos Estados Unidos, as pessoas não prepararam as casas colocando madeira nas janelas ou reforçando as portas. “Inclusive, muitas pessoas saíram para “brincar” com o vento forte”, observa.

Durante a passagem do furacão, a preocupação era com a família que permanece no Brasil. “As notícias falavam de furacão na Irlanda, mas de uma forma genérica. As pessoas no Brasil não sabiam em que parte da Irlanda eu estava. Então recebi muitas mensagens de amigos e familiares. Minha mãe ficou apavorada e, como dependo da minha irmã para enviar notícias para ela, eu não sabia muito bem como lidar com a situação”, complementa.

 

Regiões atingidas

Conforme informações dos meios de comunicação irlandeses, as regiões mais atingidas pelo Ophelia foram o Sul e Sudoeste do País, com maiores danos em Waterford, Donegal, Sligo, Galway e Mayo. As forças armadas foram enviadas para reforçar o apoio nos casos de inundações. Os pássaros ficaram atordoados, telhados de escolas, residências e estádios vieram a baixo, as ruas ficaram interditadas devido às quedas das árvores e diversos espaços públicos alagados. Mais de 360 mil famílias ficaram sem energia elétrica e, pelo menos, três pessoas morreram. As estimativas iniciais dos prejuízos causados pela tempestade estão na faixa de 500 a 800 milhões de euros.

De acordo com o MetEireann, serviço meteorológico da Irlanda, essa foi a pior tempestade que aconteceu no país, nos últimos 50 anos, desde 1961, quando o Furacão Debbie atingiu a ilha e deixou 15 mortos. Na madrugada desta terça-feira, 17, o furacão se dirigiu em direção ao Reino Unido. A região Leste, onde está localizada a Capital Dublin, foi a menos afetada, mas o país ainda está sob estado de alerta, já que há possibilidade de uma nova tempestade entre a madrugada desta sexta-feira e sábado. A previsão é que seja tão intensa quanto foi Ophelia. A tempestade prevista para o próximo final de semana é a Tempestade Brian.

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