Remanejo de alunos começa nesta segunda-feira

Estudantes das séries finais de escolas que estão em greve poderão ser temporariamente transferidos para outra instituição. Visão sobre medida diverge entre governo e grevistas

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Atenção especial para quem estiver concluindo ensino médio e fundamental
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A partir desta segunda-feira quem estuda nas séries finais das escolas em greve do RS poderá ser remanejado temporariamente para outra instituição de ensino. A medida anunciada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc) atinge alunos do 9º ano do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio. De acordo com a Seduc, a transferência temporária é opcional e começa a valer na segunda-feira (23). Em Passo Fundo, a 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) já levanta os dados de quantas vagas estão disponíveis para este processo. A informação deverá ser divulgada no início da semana, momento em que os pais e responsáveis pelos alunos serão comunicados da disponibilidade de locais capazes de atender a demanda. “Cada uma das CREs terá uma comissão especial para tratar das transferências. Caso a caso, todas serão feitas pensando sempre no melhor para o aluno. Em todos os casos, os pais serão ouvidos para que se encontre a melhor solução para todos, diz o anúncio da Seduc. De acordo com o secretário da pasta, Ronald Krummenauer, a preocupação é que principalmente os alunos do 3º ano não tenham a preparação adequada para o período de vestibular. “Estamos fazendo todo o esforço para que não sejam prejudicados para o ano letivo de 2018", afirmou ele.

Conforme a Seduc, em todo RS são cerca de 70 mil alunos prestes a concluir o ensino médio. Já no 9º ano são aproximadamente 60 mil. O governo aponta que 2,5% das escolas estaduais estão totalmente sem aulas, enquanto 26% funcionam parcialmente. Até o fechamento desta edição, duas escolas estavam com 100% das atividades paradas em Passo Fundo: Adelino Pereira Simões e Neeja. Outras 12 estão atendendo parcialmente. No caso da Escola Adelino, pelo menos 80 alunos do 3º ano precisarão ser remanejados. Em dias normais, a escola recebe cerca de 770 alunos.

“É um blefe de amador”

A frase dita pelo diretor da escola Adelino Pereira Simões, Rubem Nicolau, descreve a visão da categoria dos professores sobre a medida anunciada pela Seduc. “É um blefe de amador, de alguém que nunca entrou em uma escola pública e não conhece o mínimo, como é o caso do nosso secretário estadual”, disse ele. Em manifestação em sua rede social, a presidente do CPERS Sindicato, Helenir Schürer, afirmou que este é “mais um ataque para enfraquecer o movimento”. A visão é compartilhada pelo professor Rubem. “Isso vai dar uma bagunça tão grande que até a própria comunidade vai se revoltar”, disse ele. Em nota, o secretário Krummenauer falou sobre a greve. "É importante ressaltar que a adoção dessas medidas, que são emergenciais, não compromete em nada a continuidade do diálogo com o Cpers, sempre na busca de um bom entendimento, dentro de patamares razoáveis e reais".

A greve já perdura por 40 dias: começou no dia 11 de setembro. Na escola Adelino, uma faixa na porta de entrada mostra a essência da reivindicação: “Adelino em greve por dignidade e salário”. Por lá, o diálogo com os alunos segue pelas redes sociais. “Muitos estão angustiados, inquietos, principalmente por essa questão de vestibular, etc. Mas ao mesmo tempo também notamos nas ligações dos pais de alunos um apoio muito grande. Estão revoltados com o governo pela maneira de como estão nos tratando. O jeito é orientarmos os alunos a estudarem em casa por enquanto”, completou. 

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