O remanejo dos alunos da rede estadual que estava previsto para ontem, deverá começar nesta terça-feira (24) em Passo Fundo. Estudantes dos nonos anos do Ensino Fundamental e dos terceiros anos do Ensino Médio serão recolocados em outras escolas que não estejam aderindo à paralisação. A medida foi adotada pelo governo do Estado, já que não houve acordo com o Cpers Sindicato.
No município, em torno 113 alunos dos nonos anos deverão ser colocados em outras turmas. Do ensino médio, 130 estudantes podem ser remanejados, conforme informações da 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE). Na última semana, a Secretaria de Educação do RS (Seduc) reuniu as 30 coordenadorias para orientar sobre o remanejamento.
Conforme o titular da 7ªCRE, Elton Luiz D’ Marchi, a troca de escola não será obrigatória. Para os alunos do Ensino Fundamental, os pais deverão ir até a Central de Matrículas para verificar onde há vagas. Já para os estudantes do Ensino Médio, o remanejo será orientado na direção de cada escola, também na presença dos responsáveis. Ambos serão por ordem de chegada. “Com o levantamento que a gente fez, vai ter vaga para todos os alunos” garantiu o coordenador. Há vagas em 25 escolas para receber os alunos, de acordo com D’ Marchi.
Alunos temem pelo ano letivo
A menos de um mês para a primeira prova do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), os alunos da rede estadual preocupam-se com os rumos da greve. Estudantes dos terceiro ano, que devem prestar vestibular e concorrer a bolsas de estudo e ingresso ao ensino superior, estão entre os mais afetados. A estudante Ana Carolina do Amarante vai fazer vestibular para Direito ainda esse ano. Ela pretende ingressar na faculdade, no primeiro semestre do próximo ano, por meio de bolsa ou financiamento estudantil, que tem como base a pontuação do Enem.
Na turma de Ana, há outros 25 alunos na mesma situação. “Eu estou desesperada. Para algumas pessoas, a única opção é o ensino médio e nem isso temos. Entendemos a causa dos professores e apoiamos a greve, mas o Enem não vai ter a data alterada porque a gente não está tendo aula”, pondera a estudante.
Em outros casos, os alunos têm aulas, mas garantem que a greve afeta o rendimento. É o caso da escola de Leonardo Menezes, onde as aulas estão ocorrendo, mas o estudante garante que o aprendizado não é o mesmo. “A gente não tem o aproveitamento 100% das aulas, porque é impossível ter. Faltam professores e saímos mais cedo. Ou os alunos não vão à aula, pois falta informação se vai ter aula ou não. Acaba prejudicando”, analisa.
Segundo Leonardo, os alunos compreendem e apoiam a greve do magistério, mas que se preocupam com o ano letivo. “Tem Enem vindo aí e isso vai prejudicar muito o ano letivo dos estudantes. Mas a gente compreende o lado dos professores. Entendemos que é uma luta digna, é pelo direito deles e sabemos quem é o culpado, que é o governo do Estado, que infelizmente não está cumprindo com suas obrigações”, afirma o estudante.
Contrários ao remanejo
O remanejo das aulas, porém, não é a solução esperada, conforme Leonardo. “O governo do Estado propôs o remanejo de alunos para as escolas que não estão em greve. Porém, essas outras escolas estão parcialmente em greve. Não temos escola que não esteja em greve, que funcione 100%. Não é a solução remanejar, porque os alunos vão para outras escolas e lá a situação vai ser a mesma. O governo do estado tem que resolver a situação dos salários”, defende.
O diretor do 7º Núcleo do Cpers, Orlando Marcelino, também criticou o remanejo dos alunos e definiu a atitude como “inconsequente”. Conforme ele, os alunos que perderam aula até o momento vão ser encaminhados para outra escola e seguirão o cronograma normal daquela instituição, sem recuperação das horas e do conteúdo perdido.
Aulas até 2018
Devido à extensão da greve, o ano letivo será finalizado em janeiro de 2018. Questionado sobre a situação dos alunos prestes a entrar na universidade, o coordenador de educação informou que os alunos estarão liberados em janeiro para levar a documentação nas faculdades.
Greve
A greve dos professores já ultrapassou 40 dias. O magistério gaúcho afirma que só encerra a greve quando o governo de José Ivo Sartori garantir o pagamento integral e em dia dos salários. Na última semana, integrantes do 7º Núcleo do Cpers/Sindicato realizou uma manifestação na sede da 7ªCRE. Nesta semana, o mesmo movimento foi realizado por militantes de outras regiões do estado.
A categoria procura intensificar a greve com ações ao longo da semana. Hoje deve ser realizada uma plenária para discutir com os Conselhos Escolares o remanejo das aulas. Na quinta-feira (26), os professores devem se deslocar até Porto Alegre, onde está previsto um ato de protesto. Marcelino garante que os rumos definitivos da greve deverão ser decididos na próxima semana, nos primeiros dias úteis de novembro. Se o governo não integralizar o pagamento dos salários até quinta (2), o magistério vai fortalecer a paralisação.