É difícil decifrar José Osmar Teixeira em poucas palavras. Mas tenho certeza que foi um incessante combatente. Começou lutando por melhores dias e nunca mais deixou de ser combativo. E não estou falando estritamente do criminalista. Refiro-me ao advogado multitarefas, que poderia oscilar de um sorriso conciliatório a uma declaração de guerra. Por essa amplitude de ações, muitos colegas recorriam ao seu auxílio em determinadas demandas. Questões tributárias, comerciais, de família ou de outra área, quando o caldo engrossava o Osmar entrava em cena. Lembro-me de uma situação, em Santa Catarina, onde um especialista tratava magistralmente do processo, mas ainda não era o suficiente. Faltava algo impactante para, digamos assim, virar o jogo. E lá desembarcou Osmar Teixeira. Cansado da viagem, após o jantar apreciou um cálice de um malbec Finca Flichman e foi para o hotel trabalhar. Ali começava a virada de um jogo complexo e que parecia não ter fim. Mais do que isso, foi uma reviravolta. Soube impor-se em território distante e até teve que fazer cara de brabo. Mais do que as demandas (eram muitas) também ganhou o respeito e a confiança do cliente e de quem acompanhou sua ação impactante.
No escritório
Conheci o Osmar no escritório que dividia com o professor Celso Busato, no histórico Edifício Fiori, coração da Moron. O prédio era do professor Celso Fiori. Enfim, três nomes e três gerações de titãs do Tribunal do Júri. Mas o clima era tão descontraído que, sempre que possível, eles aprontavam alguma para o Dr. Fiori. Brincadeiras recheadas com carinho e respeito, tanto que Osmar era o seu adjunto na Faculdade de Direito da UPF, onde logo assumiria a cadeira de Direito Comercial. Foi nesse escritório que, na hora do chimarrão, eles contavam os mais inusitados detalhes do último júri. Busato relatava uma passagem inacreditável. Osmar balançava a cabeça confirmando e ainda emendava com mais alguns detalhes inacreditáveis. Falavam sobre Direito com muita propriedade. Era uma aula, claro. Mas, cá entre nós, os fatos estavam sempre envoltos por divertidos ingredientes. Eles me apresentaram um lado romântico do mundo jurídico.
Na sociedade
A inquietude de Osmar foi além da consolidação de uma exitosa carreira jurídica. Quando ele ingressou no cultivo da erva-mate, pensei que seria um hobby. Não era. Ele estudou, pesquisou e trabalhou para chegar ao topo no setor. Aí, para manter limpo o erval, trouxe as ovelhas Texel. Não satisfeito, partiu para a ovinocultura. Não faltou inquietude para abraçar a política. Nunca foi candidato, mas foi combatente como delegado partidário em eleições ou, ainda, como procurador do Município e da Câmara. Mas a cor partidária jamais atrapalhou seu livre trânsito na sociedade. Solícito, sempre teve uma relação estreita com O Nacional, Rádio Uirapuru e outros veículos. Ao meio-dia, enquanto tomava um café, atualizava a prosa com a turma da Mesa Um do Bar Oásis. Ovelha ou bacalhau à mesa, tivemos muitas conversas. E em vários tons, porque ele nunca deixou de oscilar de acordo com o seu pensamento. Talvez o mais sincero diálogo tenha sido aquele do ano passado, quando demos tchau ao Busato. Agora, é outra inquietude que se aquieta.