Chuva após dia mais quente do ano

O dia com maior temperatura e menor umidade relativa do ar foi no feriado do dia 15 de novembro, com 32ºC. Como consequência, chuva segue nos próximos dias

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O dia mais quente de 2017 não foi no verão, mas na primavera: no feriado de 15 de novembro, os termômetros da Embrapa Trigo marcaram 32ºC - cinco décimos acima da de março, antes registrada como mais alta do ano. Além disso, a quarta-feira também teve a menor umidade relativa do ar: 15%, índice que representa estado de alerta conforme os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O aumento repentino da temperatura foi o principal responsável pela chuva que atingiu cidade e região na tarde de ontem. A mistura com uma área instável provocou pancadas de chuva, trovoadas e rajadas de vento de até 70 km/h na região. Dos 32ºC a temperatura caiu para 18ºC em questão de duas horas.

A mudança brusca na temperatura não representa, no entanto, que os próximos dias não demandem cuidados com o sol. A atenção deve seguir mesmo com céu nublado, como explica a médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Flávia Reginatto. Segundo ela, existem dois tipos de radiação solar: a UVA e UVB - ambas perigosas e potenciais motivadoras do desenvolvimento de um câncer de pele, por exemplo. A diferença entre eles está no período de intensidade da radiação. Os raios UVA são mais constantes durante o dia e bastante perigosos: podem causar o melanoma, que é o câncer de pele mais agressivo. Já a UVB é aquela radiação mais intensa durante o período das 10h às 16h. Geralmente é a UVB que causa a queimadura - mas, atenção: são os raios UVA que causam o envelhecimento precoce e as manchas na pele. Por isso é necessário ter cuidado com os dias nublados, mas de temperaturas altas: podemos não ver os raios de sol, mas eles continuam ali - só que encobertos pelas nuvens.

“O ideal não é só usar o protetor solar, mas se proteger do sol. Isso inclui preferir andar pela sombra, usar roupas com proteção contra raios UVB e UVA e, claro, além de tudo isso, passar o protetor”, explica a médica. Segundo ela, um mero rasgo na calça deixa a pele exposta ao sol e, sem o protetor solar aplicado, este detalhe pode causar uma lesão de queimadura. “Para a prevenção do câncer de pele, o um protetor solar de fator 30 é suficiente, ele já protege contra o possível surgimento da doença. Mas se a pessoa quer evitar a mancha principalmente no rosto, o ideal é buscar por fatores maiores, como 60 ou 70, por exemplo”, completou. O cuidado deve ser redobrado com crianças de menos de seis meses: elas não podem nem usar filtro solar e nem ficar expostas ao sol. “Isso porque a pele do bebê absorve muito mais do que a dos adultos e, por isso, tem um risco maior de irritação”, explicou a especialista. De modo geral, o grupo de risco para um possível câncer de pele causado pela exposição ao sol atinge pessoas de pele, olhos e cabelo claro, além de quem já tem histórico de câncer de pele na família e, principalmente, a pessoa que já teve câncer de pele uma vez na vida. Neste último caso, o risco de retomada do câncer é três vezes maior em comparação com quem nunca teve. O cuidado dos trabalhadores expostos ao sol sempre deve ser levado em consideração, mas a dermatologista alerta: a exposição aguda é um grande fator de risco para desenvolver a doença. “Se a pessoa passou o ano todo longe do sol, mas ficou um mês na praia das 8h às 18h exposta a radiação, ela tem uma chance muito maior de desenvolver um câncer”, pontuou.


Me queimei. E agora?
No caso de queimaduras leves, o indicado é que se tome bastante líquido e se hidrate a pele com frequência. Já se tratando de uma queimadura moderada a grave, o ideal é procurar um médico. “Isso porque pode formar bolhas e, quando se rompem, podem ser a porta de entrada para uma infecção. O tratamento disso é muito complicado”, esclareceu a especialista. Segundo ela, alguns medicamentos e alimentos podem fortificar e auxiliar a pele após uma exposição ao sol. “São medicamentos fitoterápicos e alimentos que apresentem maior nível de caroteno, ou seja, os que têm coloração laranja ou vermelha, como cenoura, tomate e morango, por exemplo”, terminou.


Previsão do tempo
Nesta sexta-feira (17), o tempo deve ficar nublado a encoberto, com possibilidade de pancadas de chuva, trovoadas e rajadas de ventos de moderada velocidade. O sábado inicia com céu encoberto, podendo haver chuva no decorrer do dia. A temperatura diminui na parte da noite, antecedendo um domingo com mínima de 10ºC. Na segunda e terça-feira o tempo fica estável, com chuva. Até o momento choveu 80mm no mês - 61% da média prevista para novembro. “Este é um clima típico de primavera. No ano passado, tivemos uma mínima de 6ºC no dia 18 de novembro. Não tem nenhuma anormalidade. Até o fim do mês, quando iniciamos a transição entre primavera e verão, podemos ver temperaturas mínimas abaixo dos 10ºC”, explicou o observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio.


Pouco inverno não é sinônimo de muito verão
De acordo com Sampaio, não se pode fazer relação de que teremos um verão mais quente em 2017 como consequência de um inverno com poucos dias frios. “Uma coisa não implica na outra. O inverno de 2016 foi um dos mais frios em 16 anos e nem por isso tivemos o último verão com temperaturas amenas. O que faz a temperatura se elevar são as massas de ar seco e quente, então uma coisa não tem nada a ver com a outra”, apontou.

 

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