Em 2017, mais da metade das famílias brasileiras se encontram em situação de endividamento. A falta de organização das finanças é um dos fatores que contribuem para que essa situação se agrave. Com o objetivo de promover um consumo consciente e disciplinado, a Câmara de Vereadores deu continuidade ao seu ciclo de palestras e promoveu, na tarde de terça-feira (05), uma conversa sobre Educação Financeira e Gestão das Finanças Pessoais com o economista Ginez Leopoldo de Campos.
Conforme Ginez, a atividade quer propiciar à comunidade passo-fundense o acesso a conhecimentos e técnicas de gestão das finanças pessoais que permitam o gerenciamento do orçamento doméstico, evitando situações de vulnerabilidade social e econômica causadas pelo endividamento e pelo aumento da inadimplência. Outro objetivo citado visa criar uma nova mentalidade comportamental nas pessoas, baseada no consumo responsável e sustentável e atenta a três finalidades do dinheiro: gastar, poupar e investir.
“O acesso ao crédito fácil possibilitou que as pessoas usufruíssem de novos recursos para viabilizar seu consumo e, obviamente, sua qualidade de vida. Mas a consequência desse crédito que é mal administrado é o endividamento das famílias brasileiras”, citou o economista ao defender a importância do planejamento financeiro. “Muito do quadro do endividamento e da inadimplência das famílias brasileiras tem a ver com a falta de educação financeira”, disse.
O uso desmedido de cartão de crédito foi indicado como o fator que mais causa o endividamento das famílias, com 76,6%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional de Comércio. Para Ginez, o consumo desenfreado produzido pelo uso desse instrumento é responsável por um “suicídio financeiro”. “Somos o terceiro país do mundo com as mais elevadas taxas de juros, atrás da Turquia e Rússia. Some isso ao uso irresponsável do cartão de crédito e temos um suicídio financeiro”, disse. As dívidas produzidas com carnês também são apontadas pela pesquisa, com 15,1%, seguido dos financiamentos de carros, com 10,2%, do crédito pessoal, com 9,7%, e dos financiamentos de casa, com 8,3%.
Durante a palestra, um dos instrumentos apresentados que promovem o controle das finanças foi a utilização de planilhas. A ideia é que as pessoas monitorem, mês a mês, suas rendas fixas e variáveis, assim como suas despesas. A assessora parlamentar Carina Mendes já utiliza a técnica e acredita que a dinâmica promove, também, a conscientização dos filhos, que acompanham o processo. “Tenho o hábito de colocar tudo na ponta do lápis, para ter uma organização mínima, e isso reflete no tratamento que meus filhos dão ao dinheiro. Ninguém impõe uma compra. Tudo é pensado se pode ou não ser realizado”, disse.
Uma ação que continuará
A atividade também integra as ações do projeto de extensão da Universidade de Passo Fundo “Educação financeira, endividamento e gestão das finanças pessoais”, coordenado pelo professor Ginez de Campos, que leva aos alunos do ensino médio de Passo Fundo, grupos de terceira idade e pessoas em situação vulnerabilidade social e endividamento oficinas de gestão financeira.
Na Câmara, a proposta precedeu a palestra sobre o gerenciamento de recursos do terceiro setor, ministrada pelo contador Dalmir do Amaral Ferreira. No ano que vem, ela deve ser ampliada às lideranças comunitárias da cidade, que serão convidadas a participar das ações de educação financeira desenvolvidas na Câmara de Vereadores.
De acordo com o presidente da Câmara, Patric Cavalcanti (DEM), desde o início da Legislatura, um dos objetivos da sua gestão é promover a discussão de temas que possam favorecer a sociedade e, consequentemente, o desenvolvimento do município. “Iniciamos dentro da Câmara, primeiro com entidades do terceiro setor e, agora, com nossos próprios assessores. A ideia é ampliar, no próximo ano, às associações de bairros, às lideranças comunitárias. É uma iniciativa extremamente benéfica para a gestão das finanças das nossas próprias casas e das comunidades”, disse.