Monitores de Casas de Acolhimento são protagonistas de documentário

Projeto de extensão Educação e Cidadania, da Universidade de Passo Fundo, lançou o documentário ?EURoeCuidar: matéria-prima do trabalho?EUR?

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A Universidade de Passo Fundo (UPF), por meio do projeto de extensão “Educação e Cidadania”, promoveu nessa terça-feira, 5 de novembro, o lançamento do documentário “Cuidar: matéria-prima do trabalho”. O evento realizado no Teatro Mucio de Castro reuniu professores, alunos, profissionais ligados às Casas de Acolhimento, o secretário municipal de Cidadania e Assistência Social, Wilson Pedro Lill, além de lideranças que que atuam em entidades parceiras.
 
O projeto desenvolvido em parceria com os cursos de Serviço Social, Jornalismo, Letras, Artes Visuais, juntamente com a UPFTV, e o documentário apresentou depoimentos de monitores que trabalham cuidando de crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados, sendo acolhidos pelo estado. 
 
A vice-reitora de Extensão e Assuntos Comunitários da UPF, professora Dra. Bernadete Maria Dalmolin, parabenizou os envolvidos no projeto e destacou a transformação provocada pelo contato com os profissionais que enfrentam essa realidade. “Nós poderíamos fazer uma sala de aula que falasse do direito humano, poderíamos brilhantemente explicitar o conteúdo da legislação do cuidado com as crianças, mas nossa opção é fazer uma aula viva, cheia de intensidade, de dores, emoções, afetos, tristezas, de tudo que faz parte da vida humana. Essa é a nossa sala de aula, e tenho certeza de que nosso aluno que vivencia isso sai transformado, e, assim, vamos cumprindo a missão de formar pessoas que se comprometam de forma transformadora para um mundo melhor”, salientou.
 
O projeto iniciou em 2014, com o objetivo de mostrar o trabalho dos monitores e promover o cuidado e o respeito com os profissionais. “Monitores e coordenadores são pessoas de carne e osso, que se magoam quando alguém diz que as casas de acolhimento são depósitos de criança e que elas são maltratadas. Os monitores estão lá tentando fazer o melhor, muitas vezes com falta de recursos, e, nessa realidade tão complexa, entendemos que nosso papel é cultivar a esperança que existe dentro de cada monitor. Mais do que isso, nosso trabalho é contribuir para que essa esperança se transforme em combustível para a qualificação e para que trabalhem tornando melhor a vida de crianças e adolescentes, mais protegidos e com mais direitos”, destacou a coordenadora do projeto de extensão, professora Dra. Cristina Fioreze.
 
O desafio do cuidado 
Atualmente, existem em Passo Fundo três casas de acolhimento mantidas pelo município. A produção, que foi baseada em depoimentos, mostra um pouco dos desafios enfrentados pelos profissionais que cuidam de crianças e adolescentes. “Não é um trabalho fácil, todo dia é um desafio diferente. Às vezes, precisamos de alguma coisa e o processo é muito demorado. O documentário ficou muito bonito, porque a maioria das pessoas não conhece as casas de acolhimento; muitas vezes, acreditam que judiamos das crianças, mas, na verdade, procuramos lhes proteger, dar o maior amor e carinho”, relatou a monitora 
Flavia Fernandes Teixeira. 
 
Ensino: teoria e prática
Aproximadamente 30 pessoas estiveram envolvidas na produção do documentário, que tem 22 minutos de duração. O vídeo é composto por cerca de 10 depoimentos, de monitores, coordenadores de casas de acolhimento e representantes de entidades como o Juizado da Infância e Juventude e a Promotoria de Infância e Juventude. “Se o documentário fosse feito somente pelos alunos de Jornalismo, teríamos produzido em dois meses, contudo, fizemos em um ano e oito meses, pois o produto audiovisual é fruto do trabalho dos alunos do Jornalismo e da supervisão, mas também do envolvimento integral de todas as pessoas que fazem parte do projeto. Então, alunos do curso de Artes, bolsistas do projeto de Serviço Social e do curso de Letras, todos eles recolheram depoimentos e participaram do processo de produção desse documentário”, observou a professora do curso de Jornalismo, Dra. Bibiana de Paula Friderich. 
 
A construção do documentário ocorreu de forma integrada, e os monitores contribuíram previamente com informações que deveriam ser abordadas no audiovisual. Além disso, acadêmicos de outros cursos puderam conhecer um pouco mais da atuação do curso de Jornalismo, compreendendo os processos para construção da narrativa. “Para mim, foi uma experiência nova, sabia que existiam casas de acolhimento, mas não sabia como funcionavam, e, como aluno de Jornalismo, a vivência abriu um pouco a mente para as possibilidades, sendo uma experiência incrível poder participar do projeto, editando o documentário”, disse o acadêmico Gian Froitz.
 
Além de mostrar a visão dos profissionais, o documentário apresenta informações sobre o que é uma casa de acolhimento, explicando que o acolhimento é a última alternativa do estado para proteção dos direitos às crianças e aos adolescentes. “Enquanto acadêmica do curso de Serviço Social, vejo muita potencialidade no projeto, nessa questão de cuidar de profissionais que cuidam, para que possam ser reforçados, qualificando seus serviços junto aos acolhidos”, enfatizou a acadêmica Deise de Brito da Silva. 
 
Exposição “Cuidando com arte de quem cuida com amor”
Além do documentário, o projeto de extensão Educação e Cidadania está promovendo a exposição “Cuidando com arte de quem cuida com amor”, composta por fotografias de alguns profissionais que atuam nas casas de acolhimento. As imagens são do fotógrafo Guilherme Benck e podem ser vistas na entrada do Teatro Mucio de Castro. 
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