Pais optam por livros usados para economizar

A troca de material didático foi motivada pelo alto valor dos produtos. Itens escolares devem ter reajuste entre 5% e 8%, conforme associação do setor

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Antes das aulas começarem, a primeira lição de casa é feita pelos pais: a compra dos materiais escolares. Mas fazer essa despesa, que geralmente vem acrescida de roupas e outros itens, entrar no orçamento familiar nem sempre é tarefa fácil. Para tentar amenizar o impacto destes gastos de início de ano, os pais de Catherine Mistura da Silva, de 13 anos, optaram por livros usados para o 8º ano da adolescente.


A família soube do comércio de materiais didáticos usados por amigos, que também haviam aderido à prática. “No ano passado não havia muita gente vendendo livros. Esse ano tem muito mais pessoas optando pelos usados”, garante Catherine. Apesar de fazer as trocas pelo boca a boca, nas redes sociais há diversas páginas de desapego de uniformes e livros.


Em 2017, os pais da adolescente compraram o material didático novo, um box com oito livros, que custou R$ 1,6 mil. Neste ano, os livros usados saíram por R$ 220. A economia foi ainda maior, já que os exemplares que Catherine utilizou no ano passado foram vendidos por R$ 300. O gasto agora será com a lista de materiais escolares e com uniforme.


Reajustes no material escolar
Os itens dos materiais escolares, por sua vez, devem ter entre 5% e 8% de aumento em relação ao mesmo período do ano passado. A projeção é da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae). Conforme o diretor de Relações Institucionais da associação, Ricardo Carrijo, esse reajuste se deve à variação do dólar em 2017, ao acréscimo no valor das matérias-primas como plástico, papel e tintas, além da valorização da mão de obra em alguns setores ligados.


Diante do reajuste, as papelarias e livrarias já preparam promoções e condições facilitadas de pagamentos. O gerente de uma loja do setor, Antonio Henrique Migliorini, analisa que, em virtude do momento econômico pelo qual o país atravessa, os clientes estão prestando mais atenção nos preços. Ele garante que a qualidade do material também é levada em consideração na hora da compra. Migliorini enfatiza que para fevereiro está previsto um aumento no preço do papel, em torno de 9%. A recomendação do gerente para quem busca economizar é antecipar a compra do material.


Para os pais que buscam economizar, como os de Catherine, a dica de Carrijo é pesquisar preços. “[Eles] devem procurar antecipar as compras e fazer muita pesquisa de preços, pois ocorrem grandes variações de preços entre os diversos estabelecimentos varejistas. O mercado de papelarias no Brasil é bastante pulverizado e ainda existe uma grande possibilidade de se encontrar boas ofertas no caso de antecipação de compras”, analisa o diretor de Relações Institucionais da Abfiae. A diretora do Procon RS, Maria Elizabeth Pereira, alerta que é preciso estar atento na hora da compra. “É sempre importante pesquisar preços, verificar os itens que realmente podem ser exigidos pela escola, além disso, o consumidor deve exigir a nota fiscal.”

 

Dicas do Procon RS
- O consumidor deve ler atentamente a lista que lhe está sendo exigida, pois, as escolas, muitas vezes, exigem itens que não competem ao aluno comprar/adquirir, como por exemplo, medicamentos, papel higiênico, canetas para lousa, etc., estes itens são de obrigação da escola fornecer. As escolas somente podem exigir a compra de materiais de uso pedagógico e os essenciais ao aprendizado.


- O aluno não é obrigado a comprar o material no próprio estabelecimento de ensino. Por isso, faça uma pesquisa em outros estabelecimentos comerciais e, se possível, reúna-se com outros pais, pois alguns estabelecimentos dão desconto para compras em grandes quantidades.

Reaproveite as sobras de materiais e, assim, selecione os itens da lista que serão realmente úteis ao aprendizado e faça pesquisa de preços.


- Verifique se as embalagens (colas, borrachas, tintas, etc.) contêm informações claras e específicas sobre eventuais danos que o produto, em caso de ingestão, venha a causar, bem como se há orientações de como proceder em caso de ingestão acidental do produto.


- Se o pagamento dos materiais for efetuado à vista, solicite desconto. Saiba que o pagamento no cartão de crédito é o mesmo valor à vista. Também, se a compra for feita a prazo, verifique os juros aplicados e faça uma comparação de preços em outros estabelecimentos.


- Em caso de pagamento com cheque pré-datado, faça constar no verso do cheque e na nota fiscal a data de vencimento.


- Exija a nota fiscal de compra, para fins de troca do produto. Procure comprar sempre em estabelecimentos que emitam Nota Fiscal, para posteriormente poder exigir a troca do produto, se preciso for.


- Os pais que tiverem filhos em escolas e lhes for exigida a compra integral da lista de materiais, aconselha-se que façam uma reunião com outros pais de alunos e tentem compor um acordo com a direção da escola, caso contrário, compareçam ao Procon de sua cidade e registrem reclamação, pois a escola não pode obrigar e exigir que o aluno compre todos os itens constantes da lista. Portanto, podem ser comprados apenas os itens imprescindíveis ao aprendizado e os de uso pedagógico, na medida do possível. Então, os pais devem contestar a lista de material escolar e tentar acordo junto à direção da escola, num primeiro momento.


- Sempre que na lista de materiais disponibilizada pela escola for solicitado algum material que os pais considerem não ser necessário ao aprendizado, consulte o Procon e indague junto à direção da escola.


- Se os preços dos materiais forem abusivos, o consumidor deve fazer uma pesquisa junto a vários estabelecimentos. Procure comprar a lista de materiais em um estabelecimento no qual o preço a ser pago se encaixe no seu. Verifique qual o valor à vista e a prazo, pois muitos estabelecimentos, como cediço, aproveitam esta época do ano para aumentar os preços dos seus produtos. Por isso, é aconselhado ao consumidor não comprar por impulso e fazer uma pesquisa de preços em outros estabelecimentos.


- Se a loja não informar o preço de seus produtos e/ou serviços, e o consumidor sentir-se lesado diante das ofertas enganosas e abusivas, por exemplo: sentiu-se atraído por um anúncio referente a uma promoção na qual não consta etiqueta com o preço do produto anunciado, e não contém o valor à vista ou de forma parcelada, saiba que é uma obrigação da loja apresentar suas ofertas, produtos, etc., ao consumidor, de forma clara, precisa e ostensiva, para que ele possa visualizar sem embaraços o produto que irá adquirir. Caso contrário há infração ao artigo 31 do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, bem como aos artigos 4º e 5º do Decreto 5.903/06.


- Em caso de haver exposição de produtos sem preço, o consumidor pode comunicar o fato ao Procon de sua cidade para que seja feita fiscalização no local com a devida autuação do estabelecimento.


- Com relação ao uso de uniforme, verifique se é obrigatório, e se irá influenciar no orçamento final. A instituição educacional somente poderá exigir que a compra do uniforme seja feita na própria unidade ou em terceiros pré-determinados, se possuir uma marca registrada, caso contrário, os pais poderão contestar junto à direção da escola e procurar um órgão de defesa do consumidor para registrar reclamação.


- A escola (pública ou privada) deverá levar em conta, também, a situação econômica do estudante e de sua família, conforme dispõe a Lei Federal n. 8907/94.

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