Cerca de 12 milhões de pessoas compartilham notícias falsas de cunho político no Brasil. O dado é de um levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai), da Universidade de São Paulo (USP), que monitorou 500 páginas online de conteúdo político falso ou deturpado. O número representa significativos 10% do total de usuários com acesso à Internet no país e acontecimentos globais recentes não deixam mentir: a disseminação das fake news está moldando o cenário político do planeta e, em ano eleitoral, é praticamente impossível o Brasil se esquivar da influência desse tipo de informação.
E qual é o objetivo das fake news? Em geral, as “notícias falsas” tem como propósito impulsionar uma agenda de interesses, e para isso se valem do sensacionalismo e do exagero de determinados assuntos, fazendo com que as informações falsas viralizem na Internet resultando, assim, num alcance imensurável — que às vezes ultrapassa até a cobertura da informação verdadeira. Uma situação recente capaz de ilustrar esse cenário foi a corrida presidencial dos Estados Unidos, em 2016. Uma análise do portal americano Buzzfeed News mostrou que, nos 3 meses que antecederam as eleições (ocorridas em novembro), as principais notícias eleitorais falsas que se espalharam no Facebook tiveram mais engajamento do que as principais matérias publicadas pelos maiores veículos de notícia americanos. As vinte mais proeminentes fake news geraram cerca de 8 milhões de compartilhamentos, reações e comentários, enquanto que as vinte principais advindas dos veículos de notícias, tiveram em torno de 7 milhões. Das vinte mentiras compartilhadas, dezessete ou endossavam o candidato republicano Donald Trump, ou eram anti-democratas, com inverdades sobre a candidata Hillary Clinton.
No entanto, enquanto a era digital gera esse tipo de complicação, ela também oferece aos usuários a capacidade e a autonomia de realizar a verificação das informações, ao invés de simplesmente consumi-las sem questionamento. Contudo, não é o que acontece, segundo o Doutor em Educação e Professor na Universidade Federal de Pelotas, Cleriston Petry.
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