Uma chácara localizada na comunidade de Bela Vista é o destino de mais de 170 animais alojados no Capa, o Clube de Amigos Protetores dos Animais. Ali fica a ONG Ampara, vencedora do chamamento público que estabelece um termo de cooperação entre a entidade e o município. Até o momento, 101 animais já foram transferidos ao local, que passa por adaptações para receber os demais gatos e cachorros que ainda estão sob os cuidados do Clube. Para o cuidado com os novos animais, a ONG receberá R$ 17 mil da Prefeitura mensalmente, que darão conta da alimentação e cuidados básicos - como saúde e limpeza diária, que é feita por um caseiro. As primeiras acomodações para os novos animais já estão prontas: cada cabine com 10 cachorros mede, em média, 13 metros de comprimento e cinco metros de largura. Além disso, uma garagem do local será reformada para virar um consultório veterinário, onde terá um médico de plantão 24h, toda a semana. “Ali vamos ter um consultório para castração e sala de procedimentos de emergência e cirurgias”, explicou o médico veterinário que responde como responsável técnico da entidade, Diego Freitas. Próximo dali será construído um canil para receber o restante dos animais que vêm do Capa e por encaminhamento da própria Secretaria Municipal de Meio Ambiente. As obras, de acordo com Diego, devem iniciar nesta segunda-feira (22).
Antes de abrigar os cães vindos do Capa, a ONG já possuía 260 animais - que serão mantidos na entidade a partir de investimentos próprios. “O Ampara existe desde 2013 e, desde então, nunca contamos com a ajuda de ninguém. Mesmo com o termo de colaboração não conseguimos cobrir todas as despesas, então esperamos contar com a ajuda da comunidade a partir de doações”, apontou Diego. Ao final da transferência, os R$ 17 mil conveniados com o poder público representam uma distribuição de cerca de R$ 50 para o tratamento de cada animal abrigado pela entidade, além dos 260 cães que já estavam na entidade antes do contrato.
A transferência
Até o momento, apenas cães foram transferidos do Capa ao novo abrigo, em grupos pequenos, para que se facilite a adaptação. Até que todos passem para o novo local, a ONG deve ter todas as instalações adaptadas para receber os novos animais. Enquanto isso não acontece, cães e gatos abrigados seguem sob os cuidados do Capa. “Foi uma combinação feita com as entidades desde o princípio”, explicou o secretário municipal de meio ambiente, Rubens Astolfi. “Nos entendemos com as entidades que a transferência seria gradativa e assim estamos fazendo. As adaptações que precisam ser feitas na ONG são relativamente simples e rápidas”, completou ele. O termo de colaboração com a ONG Ampara tem duração de um ano e pode ser renovado para mais cinco anos. O convênio com o Capa terminou em outubro e, desde então, a entidade não possui vínculo com a prefeitura. Depois de encerrada a transferência, a ONG deverá contar com mais de 500 cães e gatos, já que manterá os animais originais (260) e acrescerá os vindos do Capa (cerca de 300).
Entenda o caso
A troca de entidades ocorreu por meio de licitação no final do ano passado. De acordo com as mudanças do Marco Regulatório da Sociedade Civil, as parcerias do município só podem ser escolhidas por processo licitatório, e não mais por renovação de convênio, como vinha sendo feito com o Capa. Com dificuldades financeiras e sem o apoio público, o Capa anunciou ainda em dezembro o fim de suas atividades após 15 dias de atuação. A então presidente da entidade, Kelly Thimoteo, alegou que os requisitos exigidos no edital inviabilizaram a participação na disputa da licitação. "Não temos instalações solicitadas no edital, além disso, o recurso oferecido é insuficiente para mantermos nossa estrutura", justificou. O valor anunciado pela Prefeitura, de R$ 17 mil mensais para 350 animais, aceito pela Ampara, representa quase a metade do orçamento do Capa, que necessita de R$ 30 mil mês para um custo de R$ 90 por animal.