A situação financeira do Hospital Psiquiátrico Bezerra de Menezes tem vários impasses e dois consensos. O primeiro é de que ela é insustentável. O segundo é de que o hospital não pode parar de prestar os atendimentos. Há anos tendo déficits que estão sendo bancados pelo Hospital da Cidade de Passo Fundo - e que nos últimos quatro anos estão em torno de R$ 2,5 milhões -, o HPBM chegou a uma situação em que não pode mais se manter sem que algo seja feito para ampliar os recursos destinados a ele. Com mais de mil internações registradas no ano passado, o HPBM é o único do tipo na região e o único no Estado a oferecer cobertura integral aos pacientes. Uma audiência pública convocada pela Câmara de Vereadores na manhã de ontem discutiu o tema e propôs a criação de um grupo, formado por vereadores, representantes do Hospital, do município, Ministério Público e Coordenadoria Regional de Saúde, para mobilizar a região e o Estado a fim de encontrar uma solução para as dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição.
Durante a audiência, o administrador do Hospital da Cidade, Luciney Bohrer, apresentou os números dos déficits anuais acumulados pelo Hospital Psiquiátrico que apenas no ano de 2017 superou os R$ 800 mil. Segundo ele, seria necessário um incremento de, no mínimo, R$ 80 mil mensais para poder manter o funcionamento da instituição. O problema, é que até o momento, nem o município, ou os governos federal e estadual apresentaram alguma medida concreta. Enquanto isso, o Hospital da Cidade têm acumulado o prejuízo. Conforme Bohrer, se a decisão fosse apenas administrativa, o encerramento dos atendimentos ou mesmo a mudança do caráter do Hospital seriam a solução mais rápida, no entanto, a região ficaria sem esse tipo de atendimento. "?"As diárias hoje não cobrem a despesa que temos no hospital"?", reforçou lembrando que a decisão da manutenção ou não das atividades será da sociedade e não do Hospital da Cidade. Por outro lado, reforçou que a situação, tal qual como se apresenta hoje, é insustentável e o Hospital da Cidade não é mais capaz de manter o prejuízo. Bohrer ressaltou ainda que a crise é financeira e não estrutural, uma vez que a instituição tem toda a estrutura necessária para seu funcionamento.
Baixas diárias
Por cada paciente internado, o HPBM recebe uma diária de R$ 45 para manter todos os custos com atendimento, medicação, alimentação e equipe multiprofissional. O valor, além de ser muito abaixo do que é pago a um hospital geral, é insuficiente para manter toda a estrutura funcionando. O coordenador regional de Saúde, Vanderlei Ramos do Amaral afirmou que há uma sinalização do governo do Estado em aumentar o repasse que é de R$ 25 mil mensais para R$ 50 mil, no entanto não confirmou datas, uma vez que a informação foi repassada a ele apenas por ligações telefônicas.
Dentre os representantes da Câmara de Vereadores, Coordenadoria Regional de Saúde, Ministério Público e Secretaria Municipal da Saúde presentes na audiência, ninguém se manifestou a favor do encerramento dos atendimentos prestados pelo HPBM. As manifestações foram, prioritariamente, feitas para destacar a importância do Hospital para o município e para a região devido às características dos atendimentos que presta, especialmente para pessoas em sofrimento psíquico grave ou dependentes químicos.
Mobilização regional
Conforme o vereador Márcio Patussi, que convocou a audiência, a Câmara de Vereadores estará empenhada em realizar a mobilização necessária com a prefeitura e a Secretaria Estadual de Saúde para buscar soluções no curto e no longo prazo. Dentre os encaminhamentos da audiência, a criação de um grupo de mobilização, formado pelas organizações que compuseram a audiência, e a realização de reuniões o mais rápido possível com o prefeito Luciano Azevedo e com o secretário estadual de Saúde. Além disso, foi sugerida a criação de uma co-participação dos municípios que encaminham pacientes para atendimento no Hospital. Para isso, será necessária uma mobilização regional de lideranças políticas, entre elas prefeitos, vereadores e deputados federais e estaduais.