Cortar o cabelo pode ser algo muito simples para algumas pessoas, para outras, esse momento é cheio de significado. Para quem enfrenta um câncer cortar o cabelo ou mesmo raspar é um momento delicado, relatado por muitos como uma das partes mais difíceis do tratamento. Para quem é aprovado no vestibular, cortar o cabelo é um rito de passagem e um momento feliz. Foi olhando para estes dois lados, que o Instituto do Câncer Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo e a Atlética de Medicina da Universidade de Passo Fundo (UPF), se uniram e realizaram terça-feira, (20), um trote diferente para os calouros de Medicina. No Centro Oncológico Infantojuvenil, futuros médicos tiveram seus cabelos raspados pelas crianças e adolescentes que estão em tratamento. A atividade arrancou sorrisos dos pacientes e emocionou os acadêmicos. Por algumas horas, o ato de cortar cabelo, tornou-se motivo de alegria para todos.
O oncologista pediátrico responsável pelo Centro Oncológico, Dr. Pablo Santigo enfatizou que a ação teve como objetivo trazer os acadêmicos para que tivessem um primeiro contato com o hospital e também para que as crianças pudessem ter esse momento descontraído. “Essa atividade já mostra aos calouros um pouco da realidade dos médicos e desperta neles um sentimento de doação e empatia, que eles vão precisar ter como profissionais. Além disso, foi especial para as crianças que se divertiram cortando os cabelos e que também vivenciaram esse momento de uma forma diferente”, enalteceu.
A iniciativa vem sendo organizada desde o ano passado pelos veteranos da Atlética de Medicina. Conforme o vice-presidente da associação, João Vitor Longo, a ideia era realizar um trote com os alunos que fosse algo positivo. “Ficamos surpresos com atividade pois, os calouros abraçaram a ideia e as crianças ficaram muito felizes com a ação. Muitas pessoas têm receio de cortar o cabelo e achamos que eles não iam topar, mas, acredito que eles tenham entendido o propósito e entraram na brincadeira. Com certeza, isso irá refletir no trabalho deles futuramente, quando iniciarem o contato com o paciente, tornando-os profissionais mais humanos”, relatou Longo, agradecendo os calouros e a equipe da oncologia.
Nicolas Moura, 19 anos, foi um dos calouros que aceitou o desafio e deixou os pacientes rasparem seu cabelo. Entre uma mexa e outra de cabelo cortada, ficava nítido a alegria das crianças e também dos acadêmicos por vivenciarem o momento. “Esperamos tanto por esse primeiro dia de aula na Medicina, pois é algo que planejamos e batalhamos, mas não imagina que passaria por esta experiência. Foi muito bacana e gratificante”. Assim como Nicolas, outros oito meninos também deixaram que Victória, Tamara, Darlan e Luiz Eduardo raspassem seus cabelos.
As calouras tinham a opção de fazer a doação dos cabelos e duas, Caroline Schiochet Verza e Gabriela Gregory aceitaram realizar o belo gesto de solidariedade. “Estou emocionada, sempre foi um sonho o curso de Medicina e sempre quis ter coragem para doar o cabelo. Além disso, vimos e sentimos um pouco do que os pacientes passam ao cortar e raspar o cabelo. Foi muito gratificante”, pontuou Caroline. Gabriela foi a primeira a cortar os cabelos e ficou muito feliz e emocionada com o momento. Assim como elas, Victória Bortolini, 16 anos, que realiza tratamento oncológico, também se emocionou ao cortar os cabelos dos calouros. “Quando eu raspei o primeiro cabelo, 0 senti novamente a sensação de quando raspei o meu. Me emocionei ao cortar as mechas das meninas, foi um momento muito especial”.