Nos últimos dois anos, em decorrência da falta de recursos, Passo Fundo não teve o tradicional desfile do Carnaval de rua. Em 2015, a Prefeitura anunciou o corte no repasse da verba destinada ao desfile das escolas de samba, o que dificultou o investimento e resultou nas suspensões consecutivas. Nesse ano, as escolas decidiram que a festa aconteceria através da captação de recursos pela Lei Rouanet, ferramenta de incentivo à cultura no Brasil, e da união das escolas para a organização das apresentações. No entanto, durante reunião realizada na quarta-feira, representantes das entidades deicidiram pelo cancelamento do desfile.
As escolas da Liga Independente das Escolas de Samba se preparavam há meses para o desfile, que deveria acontecer nos dias 9 e 10 de março, na Avenida Sete de Setembro, nos fundos do supermercado Bourbon. Com estrutura semelhante à utilizada no Carnaval de 2015, o local do desfile contaria com camarotes e arquibancadas e com a participação de seis escolas de samba da cidade: Bom Sucesso, Academia de Samba Cohab I, Acadêmicos do Chalaça, União da Vila, Pandeiro de Prata e Bambas da Orgia, sendo que a campeã seria conhecida no domingo, 11 de março. O tema do desfile também já estava estabelecido: o lado do bem e do mal no ser humano. Em janeiro, as escolas haviam inclusive escolhido a rainha do Carnaval 2018 em uma festa promovida pela Liga na sede da Escola Bom Sucesso, no bairro Operária, onde a vencedora do desfile das candidatas foi Camily Ribeiro, Academia de Samba Cohab I.
Reunião derradeira
Mesmo depois de todo o preparo, as escolas se encontraram na quarta-feira, dia 21, em uma reunião em que o presidente da Academia de Samba Cohab I, Neri Ribeiro, classificou como “derradeira”. Segundo ele, as escolas decidiram em conjunto que a melhor opção seria suspender o Carnaval fora de época desse ano. O presidente afirma que foi uma decisão bastante difícil, mas que em decorrência da falta de fundos e o fato de a aprovação da captação de recursos pela Lei Rouanet ter acontecido muito tarde, as escolas acabaram não recebendo todo auxílio necessário a tempo. “Estava difícil a gente fazer um carnaval convincente faltando recursos”, afirma Ribeiro, “depois de dois anos sem carnaval, e as escolas saírem pra Avenida para não apresentar um trabalho bom... então chegamos a esse acordo de cancelar”. Ribeiro também comentou que a venda de ingressos para as arquibancadas e camarotes estavam encaminhadas, mas em virtude das questões a serem resolvidas, as escolas acabaram não realizando as vendas.A reportagem tentou entrar em contato cm o presidente da Liga das Escolas de Samba de Passo Fundo, Volmar Santos, mas não obteve retorno.