O Sindicato dos Profissionais da Saúde do Rio Grande do Sul (Sindisaúde), reuniu dirigientes sindicais e membros da categoria de todo o estado, na tarde de ontem, em Passo Fundo, para debater a reforma trabalhista e encaminhar proposta sobre a Campanha Salarial dos Trabalhadores da Saúde 2018.
O evento aconteceu no auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo e contou com a participação de cerca de 200 trabalhadores. Durante o encontro, também discutiram questões da pauta unificada desse ano. O documento foi foi encaminhada ao diretor do Hospital São Vicente de Paulo, em ato após o encontro.
Passo Fundo foi escolhida como sede do encontro devido à importância da cidade como um dos principais polos do setor de saúde do estado, de acordo com a presidente do SindiSaúde, Teresinha Perissinotto. Foram convidados para a reunião todos os funcionários de hospitais, clínicas médicas, odontológicas, laboratórios, clínicas de estética e pet shops de Passo Fundo e região. A Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde do RS (FEESSERSF) orientou os sindicatos filiados à entidade, após assembleias realizadas em todos os 27 sindicatos do estado, a rejeitar integralmente a Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em novembro do ano passado.
A Reforma Trabalhista modificou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em diversos ângulos, conforme o advogado Éverton de Ré, assessor jurídico do SindiSaúde. Segundo ele, diversas dessas mudanças acabam prejudicando, principalmente o trabalhador da área da saúde, citando a questão da valorização dos acordos informais entre os patrões e funcionários acima da legislação, corte do imposto sindical, que anteriormente fortalecia entidades como o Sindisaúde, e a nova resolução que não inclui mais intervalos como parte da jornada de trabalho dos funcionários.
Maria Cristina Oliveira da Silva é técnica em enfermagem e conta que já é possível perceber os efeitos da Reforma Trabalhista em hospitais da região: “redução de horário para o intervalo, as insalubridades... está começando a pesar já”, conta a técnica.
O presidente do sindicato, Milton Kempfer, afirma que é importante manter a resistência em relação às medidas propostas na Reforma Trabalhista. “Nós não queremos perder nada do que o Sindicato tem conquistado nos acordo coletivos que têm sido renovados ano a ano por vários anos”, ressalta o presidente. Os acordos coletivos são convenções estabelecidas entre o sindicato da categoria e as empresas para tentar resolver conflitos relacionados aos empregados e empregadores através de negociações. A defesa do manutenção da participação dos sindicatos nos acordos está inclusa na pauta unificada de 2018.
Reajuste
Outra principal reivindicação do SindiSaúde é a questão do reajuste salarial. Segundo o diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Rio Grande do Sul (DIESEE - RS), Ricardo Franzoi, o novo salário mínimo retrocedeu em comparação ao nível de 2015. O aumento de 1,8% ficou abaixo da inflação de 2,07%, contrariando a política de valorização do salário mínimo, válida até 2019. O Sindicato reivindica que os integrantes da categoria devem ter seus salários reajustados em 100% do índice INPC-IBGE, que orienta o reajuste do salário dos trabalhadores.
Após a realização do debate que pontuou as medidas da Reforma Trabalhista, os profissionais da saúde presentes votaram se o texto da pauta unificada deveria ser repassado ao patrono do Hospital São Vicente de Paulo. Ficou decidido, por unanimidade, que a pauta seria encaminhada ao Hospital em ato que se realizou em frente à entrada do HSVP, onde os trabalhadores se mobilizaram enquanto o presidente, Milton Kempfer, realizou a entrega das reivindicações.