Em um mundo onde os indivíduos conquistam a liberdade digital de aprender, as possibilidades abertas pela cultura digital ampliam as oportunidades de aprendizagem e confrontam o modelo fabril da educação. E é nesse sentido que, em 2018, a quinta edição do Seminário Nacional de Inclusão Digital (Senid), promovido pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Inclusão Digital da Universidade de Passo Fundo (Gepid/UPF), volta seus debates para o tema cultura digital na educação. As atividades serão realizadas nos dias 7, 8 e 9 de maio, no Campus I da UPF.
A temática desta edição nasce da constatação de que as práticas criativas da era digital, além de colocar em xeque as instituições da era industrial – como a escola e a universidade –, impõem grandes diferenças na natureza dos produtos e processos criativos. Em um mundo de informações digitais em fluxo, cada indivíduo pode criar seus momentos de aprendizagem sobre os temas de seu interesse.
De acordo com o coordenador do Senid, professor Adriano Canabarro Teixeira, dois elementos nortearam a escolha do tema: o fato de a discussão sobre inclusão digital ter se esvaziado nos últimos anos e a migração das pesquisas do Gepid para a área de cultura digital. “A gente acha que a discussão sobre a cultura digital é muito mais importante para a educação do que a inclusão digital porque a cultura digital vai além do computador. O RPG de mesa, por exemplo, trabalha basicamente com a questão da criatividade, do imaginário, a criação de mundos, não tem a ver com o digital, tem a ver com a autoria, com a imersão, por isso, estamos trabalhando com essa temática”, explica.
Imersão na cultura digital
Um dos destaques da programação deste ano é a segunda edição do Workshop de Cultura Digital na Educação, que vem com uma novidade: desta vez a atividade de imersão acontecerá ao longo dos três dias de evento, durante os três turnos. A ideia, segundo Teixeira, é mobilizar o máximo de pessoas, independente de estarem inscritas ou não. “Na edição passada, a gente fez o primeiro workshop e agora a ideia foi trazer esse workshop para os três dias do evento, nos três turnos, em um espaço aberto, com rodadas de RPG, games, com tudo que tem a ver com cultura digital. A gente quer que as pessoas conheçam o evento e possam vir, trazendo suas turmas, para poder participar dessas atividades”, destaca. A atividade será organizada em parceria com o Anime Tchê.
Outra novidade é a redução no número de conferências já que, segundo o coordenador, é algo que vai na contramão da cultura digital. Nesta edição, haverá apenas uma conferência, no dia 8, com a professora Daniela Melaré Vieira Barros, da Universidade de Lisboa, Portugal, que vai falar sobre o tema “A importância dos estilos de aprendizagem na cultura digital de aprendizagem”. Nos demais dias, serão promovidas mesas redondas para tratar de diferentes temas como o uso de redes sociais na educação e a programação de computadores.
A programação ainda inclui, como nas edições anteriores, o Senid Junaj (voltado para alunos do ensino médio), o Senid Infano (para alunos do ensino fundamental), a I Etapa da 6ª Olimpíada de Robótica Educativa Livre e o 2º Scratch Day UPF, além de oficinas, relatos de experiência, lançamentos de livros e apresentação de artigos científicos.
Entre as atividades paralelas, o Senid terá ainda o III Seminário de Inovações Educacionais, o I Workshop de Cultura digital para área de TI, o I Workshop sobre Metodologias Ativas e o II Encontro dos Grupos de Educadores Google do RS e o III Encontro dos Núcleos de Tecnologia Educacionais do Estado do RS.
Reconhecimento nacional
Ainda segundo Teixeira, o Seminário, desde a sua primeira edição, vem com um número crescente não apenas de inscritos, mas também de pessoas que participam das atividades abertas. Só na edição passada foram mais de 2500 visitantes durante os três dias de evento e 110 instituições de ensino superior de 112 cidades brasileiras. Para o coordenador, isso mostra, primeiro, a consolidação da área e do evento e o reconhecimento dele como uma importante ação dentro da discussão teórica da inclusão digital e da cibercultura, o que reforça a expectativa para a edição de 2018. “Esse foi o ano em que recebemos maior número de artigos. Acho que isso é um indicativo de que o evento está sendo reconhecido em função do que a UPF tem feito nessas áreas. Acredito que a Escola de Hackers deu uma visibilidade grande também. Acho que isso é um elemento importante”, ressaltou.
Outra conquista importante é que, em 2018, pela primeira vez, o Senid contará com a parceria da Faculdade de Educação da UPF, que participará ativamente do evento. Além disso, o professor também destaca a presença dos Núcleos de Tecnologia Educacionais do estado do RS. “Acredito que a Faculdade de Educação incluir o Senid como atividade acadêmica é uma das nossas maiores conquistas, porque o evento é feito para a educação. Já a participação dos NTEs acontece pela terceira vez e isso é muito bacana porque é algo que a UPF está fazendo e que tem uma capilaridade enorme aqui no estado, já que os núcleos são os responsáveis por implementar a informática nas escolas estaduais”, finaliza.
Inscrições
Uma das principais novidades nesta edição é que todas as atividades serão abertas ao público. A ideia, segundo Teixeira, é fomentar a questão da cultura digital e chamar a atenção das pessoas para a importância desse debate. “A gente quer criar um ecossistema criativo, em que as pessoas possam vir, experimentar coisas, passear, interagir com outras pessoas”, destaca. Mesmo assim, o público poderá realizar a inscrição para o evento, que garantirá a participação nas atividades e também o certificado de participação.
As inscrições estão abertas e podem ser feitas em diferentes modalidades até o dia 30 de abril, pelo site upf.br/agenda, link inscrições para eventos. A programação completa e todas as informações sobre o Seminário podem ser encontradas no site upf.br/senid.