Na última quinta-feira, a Escola Aberta de Passo Fundo encerrou suas atividades sob determinação da 7ª Coordenadoria Regional de Educação. A escola, que trazia um ensino diferenciado a alunos em situação de vulnerabilidade, foi fechada sob alegações de grande evasão e reprovação dos alunos. A Promotoria Regional de Educação, no entanto, rebateu as afirmações.
Desde 2013, vem sendo colocado em discussão a possibilidade do fechamento da Escola Estadual de Ensino Fundamental de Passo Fundo - a Escola Aberta. O educandário proporcionava atendimento diferenciado a 30 alunos que participavam, em turno integral, de aulas do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental no período matutino e de oficinas pedagógicas no turno da tarde, oferecidas pela faculdade Ifsul, além da possibilidade de participar do projeto Atleta do Futuro, na UPF, e inclusive fazia o transporte dos estudantes - que moravam em diversos bairros do município - no início e fim da aula. No histórico da escola, consta que ela foi criada a partir da organização de uma comissão interinstitucional, formada pela prefeitura de Passo Fundo, 7ª Coordenadoria Regional de Educação, 6ª Coordenadoria Regional de Saúde, Juizado de Menores, Câmara de Vereadores e associações de bairro.
A escola esteve presente no município por 23 anos e era integrante do Programa Escola Aberta, que tem como objetivo potencializar a parceria entre escola e comunidade ao ocupar espaços escolares com atividades educativas, oficinas e esportes. A metodologia de ensino era direcionada a estudantes com dificuldade de adaptação nas escolas regulares, que passavam por situação de vulnerabilidade social ou de rua. A escola também recebia internos da semi-liberdade e da liberdade assistida, que normalmente não eram aceitos por instituições comuns.
Apesar disso, na quinta-feira, 22, a Promotora Regional de Educação, Ana Cristina Ferrareze, recebeu representantes da 7ª Coordenadoria Regional de Educação no Ministério Público para discutir a situação da Escola Aberta e ficou decidido o encerramento das atividades. Mesmo com as tentativas do MP de aderir a medidas que evitassem o fechamento, como a criação de um projeto alternativo, planejado em parceria com a Associação Escola da Nova Consciência, o local não pôde mais se manter em funcionamento. A justificativa da 7ª CRE para o fim da instituição foi a infrequência dos alunos, o não aproveitamento dos estudos e os altos índices de reprovação. A Promotora Ana Cristina Ferrareze, no entanto, rebate as afirmações, reiterando que a situação da Escola Aberta não é tão simples, pois a estruturação do ensino é diferenciada justamente por não se tratar de uma escola regular: “às vezes o aluno faltava aula, ou reprovava, mas a questão era ele possuir um referencial”, explica. Ana Cristina ainda conta que a orientação dada à instituição foi não de realizar mais matrículas, porque o fechamento já vinha sendo considerado há algum tempo, o que poderia justificar a diminuição no número de alunos em relação a abril de 2013, quando 117 estudantes estavam matriculados. No entanto, a promotora aponta que agora os esforços serão direcionados à tentativa de implantar, no local da escola, outro projeto de senso social, para que o espaço possa ser aproveitado.
Os alunos foram encaminhados à Central de Matrículas, a fim de se matricularem em outras escolas, dessa vez regulares, bem como os professores e funcionários, que estão sendo remanejados. Nos próximos dias, a 7ª CRE deverá enviar ao Ministério Público a documentação referente ao fechamento da escola.