Denúncia contra diretor gera sindicância na Seduc

Advogada de defesa afirma que há grupo pequeno de professores que não concorda com medidas da direção

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Uma sindicância instaurada pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), e que está sendo executada pela 7ª Coordenadoria Regional de Educação (7ª CRE), investiga denúncias de assédio moral e intimidações envolvendo o diretor da Escola Estadual Protásio Alves de Passo Fundo, Julio Borges. O procedimento teve início no segundo semestre do ano passado, depois que várias denúncias feitas por professores começaram a chegar à Seduc e também ao Ministério Público Estadual. Até o momento, mais 25 pessoas, entre professores e funcionários, já foram ouvidos.

 

O titular da 7ªCRE, Elton D’ Marchi, explicou que a coordenadoria recebeu a investigação para ouvir os envolvidos. Segundo ele, assim que esta fase estiver concluída, o caso será remetido à Seduc, responsável pelo julgamento.

 

As denúncias também estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público, através de um inquérito civil. O processo tramita sobre sigilo. A reportagem tentou contato com a promotora regional de Educação, Ana Cristina Ferrarezi, mas não obteve retorno.

 

O caso ganhou repercussão a partir da noite de quarta-feira (28), depois que um ex-aluno publicou, em uma rede social, um relato sobre intimidações e assédios. No texto, ele afirma que houve “uma liquidação de professores” que não concordavam com sua forma de direção do colégio.

 

“Estudava a 7 anos no Protásio, conheci quando era um ótimo colégio, conheci quando a direção do colégio era fenomenal e fazia um ótimo trabalho, conheci quando realmente tínhamos aulas e não ficamos vagando pelos corredores...". Até à tarde de ontem (1º), a publicação havia mais de 700 compartilhamentos. Em alguns deles, havia relatos similares ou confirmando o que foi descrito pelo ex-aluno.


"As pessoas estão adoecendo pelo ambiente de trabalho"
"O clima na escola está horrível. As pessoas estão adoecendo pelo ambiente do trabalho. Resta muito pouco de uma escola naquele prédio". A frase resume o sentimento de um dos professores responsável pelas denúncias contra Júlio Borges, diretor do educandário. Segundo o educador, que pediu para não ser identificado, o tratamento hostil se instalou no início 2016, a partir da mudança de comando. Desde lá, funcionários e professores que não concordam com as decisões da direção, afirma, estão sendo prejudicados com perseguições e medidas arbitrárias. "Quem não é do grupo sempre sofre algum tipo de retaliação. Fica com os piores horários. Alguns professores tiveram redução nas horas trabalhadas. Situação que reflete diretamente no salário dos professores", relata.


O professor também critica a falta de diálogo nas decisões. "O turno da manhã passou a ser das 7h30 até às 12h35min, sem haver uma discussão sobre a mudança. Nem mesmo o Conselho Escolar foi consultado", observa. O educador disse que a intenção em fazer as denúncias diretamente na Seduc foi uma forma de chamar a atenção para a gravidade da situação. "Vamos aguardar os resultados. Pela demora que vem tendo acredito que não vai dar muitas consequências", afirma.


CPERS acompanha o caso
Integrante do CPERS Passo Fundo, o professor Orlando Marcelino, disse ontem, que a instituição vem acompanhado o caso desde o início das denúncias. Ele relatou situações de professores que foram colocados à disposição por não apoiarem sua eleição. "São vários casos de assédio moral. Teve também uma situação de ataque ao patrimônio. O material pedagógico de uma professora de ensino religioso, que pertencia ao Protásio, foi descartado por ele. Estamos aguardando o desfecho da sindicância e estamos do lado da comunidade", declarou.

Contraponto
A reportagem entrou em contato com o diretor da escola. Sobre as investigações da sindicância, a advogada de defesa dele informou que “existe uma normativa no Estado que determina que o professor deva dar aula na disciplina em que prestou concurso. Essa é a principal questão deles. Há um grupo pequeno de professores que não concorda”. O diretor não quis se manifestar sobre as publicações na rede social.

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