O corpo e as relações humanas

Oficina de contato-improvisação, realizada às sextas-feiras no Centro Terapêutico Gaya, promove a troca de energia e o diálogo corporal entre os participantes

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Durante os encontros, os participantes são estimulados a trabalhar a consciência corporalDurante os encontros, os participantes são estimulados a trabalhar a consciência corporal
Durante os encontros, os participantes são estimulados a trabalhar a consciência corporal
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Uma busca por movimentos livres, que rompe com os formatos tradicionais de dança e propõe a construção artística baseada no diálogo corporal. É essa a premissa principal da técnica de contato e improvisação – muitas vezes confundida com o teatro, por conta do nome –, que começou a ser promovida em Passo Fundo por meio de oficina, às sextas-feiras, no Centro Terapêutico Gaya. Os encontros acontecem semanalmente, a partir das 19h, ministrados pelo professor de Artes Cênicas Max Antunes.


O estilo de dança contato-improvisação tem como objetivo a troca e manipulação de energia entre os participantes e pode servir de porta para processos de criação dentro do teatro, por trabalhar a relação entre os indivíduos por meio do contato físico, em uma conversa que estimula a consciência corporal. Segundo o mineiro Max, a técnica possibilita verdadeiras transformações dentro dos grupos praticantes. “Um exemplo disso é o caso de uma companhia de teatro de Minas Gerais, chamada Luna Lunera, quando em um momento delicado do grupo um dos integrantes surgiu com a ideia de trabalhar a técnica no grupo e isso virou até mesmo um espetáculo”, relata. “Mas esse tipo de transformação, de diálogo e fortalecimento das relações, pode aparecer mesmo em grupos que não são de teatro e nem de dança”.


Nas aulas, que tiveram início na última sexta-feira (9), os participantes são estimulados a trabalhar a consciência corporal, a gestão e a harmonia nas relações interpessoais. O trabalho em dupla ou em grupo tem o peso e o contrapeso como elementos chaves para os movimentos improvisados, tornando o corpo consciente de seus próprios limites. “Especialmente nas primeiras aulas, a proposta é trabalhar justamente com o peso e contrapeso, para perceber a força que eu aplico junto ao colega e ele aplica em mim, possibilitando que o colega utilize meu corpo como apoio e equilíbrio”, explica o professor. É por isso, também, que a oficina é oferecida somente para pessoas acima de quinze anos, por questões de segurança, já que ter pessoas com estaturas muito diferentes dificultaria a prática. “Depois que o grupo já tiver tomado uma consistência e harmonia, pode ser que a gente abra para a participação de crianças, em momentos específicos”. O professor explica ainda que, embora não seja o objetivo principal desta oficina, a criação de peças e cenas a partir da técnica é algo que pode vir a acontecer depois de um tempo.


Para participar, não é necessário ter nenhum conhecimento prévio em teatro ou dança. Entre as particularidades da oficina, Max destaca que, mesmo se tratando de uma técnica de dança, a interferência da formação dele em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto deve ser muito presente. “Por isso, vamos trabalhar com jogos cênicos. Na oficina, dialogamos muito sobre a prática. É uma coisa própria do contato e da improvisação, não apenas pela questão do teatro. Não é somente sobre dançar até cansar. É uma discussão constante sobre como aquela prática está interferindo no grupo e como aquilo afeta ou desafeta as pessoas”. A oficina tem custo mensal de R$ 80 ou de R$ 30 para encontros avulsos. A inscrição pode ser feita diretamente com o ministrante Max Antunes, pelo Facebook ou pelo telefone (55) 99905-2888.


Teatro de Animação
Outra atividade, promovida por Max Antunes no Centro Terapêutico Gaya, é o Núcleo de Experimentação em Teatro de Animação. O início está marcado para o dia 23 deste mês e deve acontecer quinzenalmente, nas sextas-feiras, das 14h às 17h. Essa proposta busca reunir pessoas interessadas em experimentar formas diferentes de teatro de animação (como, por exemplo, o teatro de bonecos e de miniaturas, marionete de fio, bonecos de sombra e de vara e teatro lambe-lambe). “Junto a todas essas propostas, trabalharemos também com figurino, manipulação e intertextualidade cênica. É uma proposta de aprendizagem coletiva”, esclarece.


De acordo com o ministrante, o Núcleo tem como base um projeto de educação inspirado na ideia de que o adulto se reconecte com sua própria criança interior e deixe-a livre para aprender. “Nessa oficina vai ter muito disso, de o adulto se perceber em conexão com sua criança interior e deixar ela influir na sua criação, na sua experimentação”. A intenção é de que, até o fim do ano, o núcleo possa criar um espetáculo. O valor da mensalidade é de R$ 60.


Contação de histórias
Uma terceira atividade, também no Centro Terapêutico Gaya e promovida por Max Antunes em parceria com a artista visual Ani Daltoé, é a Oficina de Contação de Histórias para Guardiões de Pequenos Mestres. Ela inicia no dia 2 de abril e tem duração de quatro encontros – programados para os dias 2, 9, 16 e 23 de abril, das 19h30min às 21h30min. A oficina é direcionada àqueles que estão em contato com o público infantil, sejam pais, responsáveis ou professores, com a proposta de resgatar a tradição das histórias contadas oralmente. Crianças de até 10 anos são bem-vindas a participar. O valor total para participação é de R$ 120.

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