O coordenador geral de patrimônio ferroviário do DNIT, Luciano Sacramento, estará em Passo Fundo, nesta ter-feira, acompanhado de um engenheiro, para avaliar as condições de moradia na beira-trilho. A presença deles foi requisitada pelo vereador Rudimar dos Santos, o Rudi, durante visita a Brasilia, na semana passada.
Há cerca de três meses, o vereador havia encaminhado o pedido ao órgão, juntamente com os estudos realizados pela Universidade de Passo Fundo em parceria com a Comissão dos Direitos Humanos sobre o tema.
Com chegada prevista para às 11h, a agenda inclui visitas pelos bairros cortados pela rede ferroviária: José Alexandre Zachia, Victor Issler, Vila Fátima, entre outros. "Eles vão conhecer de perto a realidade destas pessoas. Se certificar da situação, e decidir se elas têm ou não condições de permanecerem nestes locais. Até porque, muitas vivem sem rede elétrica e abastecimento de água, justamente por falta de autorização", afirma o vereador.
Estudo apontou agravamento da situação
O levantamento realizado pela Comissão dos Direitos Humanos de Passo Fundo e Universidade de Passo Fundo, divulgado em reportagem de ON, demonstrou que população, ao longo dos 15 quilômetros da linha férrea que corta a cidade de uma extremidade a outra, aumentou na última década de 1,1mil para cerca de 2 mil famílias vivendo na faixa denominada de beira-trilho.
A pesquisa começou em outubro de 2015 como uma espécie de atualização dos dados obtidos em 2005. Também serviu para avaliar se houve, durante o intervalo de 11 anos, mudanças em relação às condições de moradia.
O comparativo mostra um agravamento da situação. Conforme o estudo, apesar do aumento da população circulando na beira-trilho, não há mecanismos de segurança. As contenções de acesso aos trilhos se restringem, em algum trechos, a fios de arame farpado. A falta de conservação dos trilhos aumenta ainda mais os riscos de acidente. Parte dos dormentes está bastante danificado e até mesmo encoberto pela terra e vegetação. Em determinados pontos da ferrovia, as casas estão a cerca de três metros de distância dos trilhos.
Outra constatação do estudo é de que, durante o intervalo de uma década, não foi criada nenhuma proposta objetiva para solucionar o problema. Baseado nestes estudos, o MPF reuniu diversas entidades ligadas ao assunto em uma audiência pública. Como desdobramento do encontro, à época, a prefeitura instalou um grupo de trabalho envolvendo cerca de 20 entidades. Os moradores foram mapeados e cadastrados. A partir dos dados, criou-se um projeto-piloto na tentativa de resolver parte do problema. O documento chegou a ser enviado para o Ministério das Cidades, mas não evoluiu.