Greve nas escolas atinge rotina dos pais

Paralisação encontra maior adesão no magistério e prefeitura diz que está controlando efetividade dos servidores

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A greve dos servidores municipais iniciada ontem tem maior adesão no magistério. Os demais serviços do município, como saúde, finanças não tiveram alteração no primeiro dia de movimento, segundo informou a assessoria de comunicação. O Simpasso disse que 30% dos serviços essenciais estão garantidos. Os servidores buscam um reajuste de 6,81%, mas o Executivo ofereceu 2,33%, proposta que foi rejeitada em assembleia.


A questão, no entanto, repercute na rotina dos pais: a cabeleireira Cristiane Perez, por exemplo, teve de fazer adequações para cuidar da pequena Catarina, de dois anos, atendida no berçário da EMEI O Mundo das Crianças. “Ou ela fica com o pai ou com os avós. Vamos nos revezando, dando um jeito aqui e ali. Ao meu ver não há nada que não possa se ajeitar. Eu concordo com os professores: mesmo que possa afetar na nossa rotina, acho a paralisação válida”, disse a mãe. “São raras as escolas particulares que oferecem um serviço de tanta qualidade quanto as EMEIs. O movimento não traz só um salário melhor aos professores, mas uma educação melhor para os nossos filhos. Precisamos de professores reconhecidos”, completou.


Na escola O Mundo das Crianças, no bairro Cohab I, uma reunião foi feita na última quarta-feira (21) para alertar os pais da parada. “Avisamos e lembramos o motivo desta manifestação. No fim agradecemos muito a comunidade escolar, que compreendeu a importância do ato. Sem professores qualificados e reconhecidos, não há educação”, disse a diretora Susana Alves, que durante a greve cumprirá seu horário em frente da Prefeitura, em ato coletivo do CMP. Nesta escola, especificamente, todos os 15 professores estão paralisados.


Os professores das escolas municipais realizaram uma reunião na manhã de ontem na qual votaram pela continuidade da paralisação. Além disso, um comando de greve foi criado com representantes das escolas e também das demais categorias de servidores. A orientação, segundo o CMP Sindicato é para que os pais não levem às crianças às escolas municipais.


Até o momento, a estimativa é que cerca de 650 dos mais de mil professores municipais tenham aderido ao movimento. “Ainda não temos a informação exata de quantas escolas ficarão paralisadas, mas já sabemos que são mais de 600 professores em greve neste primeiro dia de movimento”, apontou um dos diretores do CMP Sindicato, Eduardo Albuquerque. O magistério pede reajuste de 6,81% tendo como base a Lei do Piso (nº 11.738/2008). “Não aceitamos em hipótese alguma qualquer tipo de complemento no salário, como em forma de abono, por exemplo, porque entendemos que este é o primeiro passo para a destruição do plano de carreira”, completou.

 

O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura afirmou que a administração municipal está levantando os números da adesão à paralisação e que segue controlando a efetividade dos servidores. “Os serviços estão funcionando normalmente, com exceção de algumas escolas municipais”, consta. A última proposta de reajuste oferecida pelo executivo municipal, de 2,33%, extensivo ao vale-alimentação, teria um impacto financeiro de cerca de R$ 5,5 milhões na folha de pagamento, conforme o secretário de Finanças, Dorlei Maffi.


Simpasso
Conforme o presidente do Simpasso, Éverson da Luz Lopes, a greve foi iniciada em todas as categorias. Segundo ele, o índice de 6,81% corresponde ao piso do magistério para que a categoria não venha a ser prejudicada. “O objeto maior dessa greve é que o poder executivo venha trazer uma nova proposta de índice de database que é linear para todas as categorias e, em um segundo momento, que ninguém fique abaixo do piso nacional para o magistério”, enfatiza. Ainda na segunda-feira, entre 300 e 400 pessoas já haviam aderido ao movimento, conforme destacou o sindicato.


O ofício de comunicação da greve foi entregue ao executivo municipal ainda na sexta-feira. O documento informou o executivo municipal que uma nova Assembleia será convocada em caso de nova proposta. O Simpasso pede nova proposta de índice de correção da revisão geral anual dos vencimentos e subsídios; nova proposta do índice de correção exclusiva do ticket alimentação; abono do ponto dos dias paralisados e dias de participação em Assembleia Geral; e indicação de quais e quantos índices da Pauta de Reivindicações serão atendidos.

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