Como qualquer cuidado com o corpo, a voz também necessita de atenção, caso contrário envelhece mais rápido, altera-se com facilidade e também aumenta os riscos de lesão ao longo dos anos. O Dia Mundial da Voz, celebrado no dia 16 de abril, chama a atenção justamente para os cuidados com a saúde vocal. Muitos profissionais utilizam a voz como meio de trabalho e o aprimoramento dela também significa melhorar a comunicação. As pessoas com alta demanda vocal necessitam ter maior atenção e cuidado com a voz.
A voz é única em cada pessoa. Por meio dela é possível expressar as emoções e se comunicar. “Nossa voz é única, tal como nossa impressão digital. Apesar de pais e filhos, algumas vezes, terem a voz muito semelhante, há identidades vocais diferentes. Também, não conseguimos esconder quando estamos tristes ou felizes, nossa voz entrega nosso estado emocional ao nosso interlocutor”, destaca a fonoaudióloga do Centro de Tratamento do Câncer (CTCAN), Gabriela Decol Mendonça.
Todas as pessoas podem melhorar o uso da voz para se comunicar com mais eficácia. Ela também é um meio de trabalho para muitas pessoas, como profissionais de vendas, professores, advogados, profissionais da área da saúde, cantores, jornalistas, entre outros. Esses profissionais necessitam ter uma atenção maior com a voz, e se beneficiariam muito com a terapia fonoaudiológica voltada para a potencialização da voz e comunicação. “Quanto mais conhecermos nossa comunicação como um todo (voz, expressão corporal, facial), mais podemos usufruir dela. Por exemplo, ter a propriocepção de quando a voz está diferente, quando estou falando alto ou baixo demais, quando existem quebras na voz, quando ao final da frase alteramos a intensidade, ajuda a identificar e tornar os ajustes mais fáceis”, comenta a fonoaudióloga.
Caso o profissional necessite ou queira aprimorar sua desenvoltura comunicativa na sua área de atuação, precisa estar atento aos pontos fortes e fracos da voz. “Não somente a voz, mas gestos corporais durante a comunicação e articulação da fala também são imensamente importantes e inteiramente ligados à nossa desenvoltura vocal. Então, não basta ter uma voz agradável e bonita, sabê-la usar de forma saudável e com cuidados, pode torná-lo um bom comunicador”, salienta Gabriela.
Terapias podem potencializar o uso da voz
Existem terapias que potencializam o uso da voz e dão maior resistência vocal, com redução dos riscos de lesão. Estas técnicas são individuais e esse trabalho deve ser desenvolvido apenas por profissionais capacitados, como os fonoaudiólogos. “Hoje temos terapias específicas para aprimoramento vocal conforme a necessidade de cada pessoa, para uso mais intenso ou moderado da voz, para fala e para canto. Sendo assim, nenhuma terapia será semelhante, o fonoaudiólogo direciona os exercícios para cada objetivo”, explica a fonoaudióloga do CTCAN.
Algumas terapias são denominadas de Terapia Breve Intensiva (TBI), que tem por objetivo auxiliar o paciente, na sua necessidade, num período curto de tempo, porém intenso na semana. São terapias que não servem para todos os pacientes, pois dependem dos objetivos, mas podem auxiliar para aqueles que não tem tempo e necessitam de resultados imediatos. “As terapias para aumento do potencial vocal também são diferenciadas e podem ser realizadas em curto espaço de tempo, mas os resultados rápidos dependem do envolvimento do paciente em todo o processo de terapia”, observa Gabriela.
Cuidado com as lesões
Pessoas que utilizam a voz em alta demanda têm maior risco de desenvolver lesões nas pregas vocais. Muitas vezes, essas lesões são causadas por abuso da voz, por falta de cuidados. Para evitar problemas, o correto é buscar ajuda de um fonoaudiólogo. “É preciso ficar atento. Rouquidão, voz fraca, instável ou até mesmo afonia (perda da voz) são sinais e sintomas que podem estar relacionados há problemas emocionais ou lesões orgânicas. Por isso, em caso de sintomas, é importante buscar auxílio de um profissional, para identificar a causa desta alteração”, enfatiza a fonoaudióloga.
A rouquidão ou a ausência da voz também são alguns dos sintomas do câncer de laringe, um dos mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço. A fonoaudióloga informa que as principais causas de câncer de cabeça e pescoço são o álcool, o fumo e fatores biológicos. O câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos que acometem essa área e 2% de todas as doenças malignas. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa de novos casos por ano é de aproximadamente, 7,6 mil, e o número de mortes é de 4 mil por ano.