Amigos do passo-fundense, Daniel Guerra, preso desde agosto do ano passado, em Cabo Verde, se reuniram na manhã de ontem (domingo), na Gare, para o 1º Ato contra a prisão dos velejadores inocentes. Manifestações semelhantes aconteceram em Salvador, cidade em que reside outros dois brasileiros, Feira de Santana e também em Mindelo, onde estão presos.
Amigo de infância de Daniel, Fabio Strapasson Faccio, 36, anos, foi o responsável pelo ato, em Passo Fundo. Para ele, Daniel e os demais integrantes da tripulação caíram em uma ‘roubada’. Em março do ano passado, cinco meses antes da partida para a travessia, ele visitou o amigo em Florianópolis e acompanhou de perto a preparação para a viagem. “Fiquei na casa dele, vi como planejou e estudou muito para fazer a travessia. O dono do barco se aproveitou porque eles precisavam das milhas”, declarou
Daniel Guerra, juntamente com outros dois brasileiros e um francês, foram presos em agosto do ano passado em Cabo Verde. A polícia local encontrou mais de uma tonelada de cocaína escondida no veleiro tripulado por eles. Fábio somente ficou sabendo da prisão do amigo em dezembro. “Como ele é uma pessoa do mundo, está sempre viajando, achei natural a falta de contato. A notícia da prisão foi uma coisa chocante. Daniel não tem como meta de vida ganhar dinheiro. É uma pessoa desapegada, um aventureiro, até hoje não caiu a ficha”, diz.
Amiga da família, a professora aposentada, Dinair Fernandes Pires, enfrentou a manhã chuvosa de domingo, para prestar sua solidariedade. “A gente não tem dúvida de que eles foram usados. Conheço o Daniel desde que ele nasceu. A idoneidade dele e da família toda. Se soubessem que a droga estava no veleiro, jamais teriam parado em Cabo Verde para pedir ajuda”, observou.
Defesa já recorreu da decisão
No último dia 29, a Justiça de Cabo Verde condenou os quatro tripulantes da embarcação a uma pena de 10 anos, pelo crime de associação ao tráfico. A decisão provocou críticas ao magistrados por não ter levado em consideração os relatórios enviados pela Polícia Federal brasileira. Os documentos apontaram que os tripulantes embarcaram em Salvador. Uma semana depois partiram para o porto de Natal, Rio Grande do Norte. A PF realizou duas vistorias na embarcação e não encontrou nenhum vestígio da droga. A conclusão é de que a cocaína foi escondida no veleiro ainda em Guarapari, no Espírito Santo, antes da chegada da tripulação. No entanto, a justiça acabou acatando a versão do Ministério Público de Cabo Verde, a qual alega que droga teria sido embarcada no meio do Oceano Atlântico. Pela maneira como estava acondicionada, a PF descarta totalmente esta hipótese.
Os advogados de defesa dos brasileiros já ingressaram com recurso recorrendo da decisão. A expectativa é de que o caso se arraste por mais pelo menos seis meses para o Tribunal analisar a documentação.
Casal retorna para o Brasil
Instalados em Cabo Verde desde 14 de dezembro do ano passado, os pais de Daniel, Fatima Guerra e Telio Carlos Guerra, embarcam nesta segunda-feira de volta ao Brasil. Eles retornam para resolver questões que ficaram pendentes, posteriormente, devem voltar a Cabo Verde para acompanhar o desfecho do caso.