Nesta semana foi comemorado o Dia do Chimarrão, no dia 24. A erva-mate Ilex paraguariensis além de ser a árvore símbolo do Estado movimenta toda uma cadeia produtiva que enfrenta desafios e busca ampliar o consumo e a qualidade do que é produzido aqui. Um Programa estadual capacita os profissionais do campo e da indústria e também busca resgatar e preservar espécies nativas para as futuras gerações.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo Ilvandro Barreto de Melo explica que hoje a produção da matéria-prima no Estado está um pouco acima da demanda. O que reflete o que acontece no Brasil. Em função disso, a importação do produto foi reduzida drasticamente e o mercado nacional está sendo abastecido, basicamente, com produto brasileiro. Isso se deve a diversos fatores, dentre eles as melhorias na produtividade e no manejo dos ervais, bem como no aumento das áreas cultivadas impulsionadas pelos altos preços registrados entre 2013 e 2014. “Num curto cenário teremos aumento de produção e em médio prazo vamos continuar com uma produção acima do que é consumido e demandado”, explica.
Hoje, os preços médios da erva-mate nos cinco polos ervateiros do Estado variam de R$ 10 a R$ 12 a arroba (15 quilos) de folha verde. Isso não deve se alterar em função da quantidade de oferta. Embora o consumo do chimarrão aumente ano a ano, esse é um crescimento gradual pequeno. Uma novidade que ocorre é uma inversão relacionada com o consumo médio no ano todo. “Há algum tempo tínhamos o consumo do chimarrão que era alto no inverno e no verão havia uma redução significativa. E agora está ocorrendo uma alteração com a entrada do tereré que começou a ser utilizado no verão, principalmente pelos jovens, e está suprindo aquela baixa no verão. Em breve deveremos ter um equilíbrio no consumo da erva-mate entre o inverno e o verão”, estima.
Mercado internacional e novos produtos
Parte do que é produzido aqui é exportado para 33 países. No entanto, o Uruguai ainda é um dos principais consumidores. Além disso, novos produtos que usam a erva-mate como matéria prima estão em desenvolvimento e, apesar de não contribuírem em muito para o consumo do produto, têm um papel fundamental. “Essa parte de novos produtos é importante porque mostra a erva-mate para determinado grupo de consumidor que não utiliza o chimarrão. Consegue acessar camadas da população que não tem acesso ao chimarrão e vão a ter acesso a esses produtos”, enfatiza. No entanto, o maior consumo ainda está relacionado aos produtos tradicionais como o chimarrão e, agora, o tereré.
Programa de melhoramento
Ainda em 2016 o governo do Estado demandou à Emater a criação de um programa estadual voltado à cadeia. Desde então está em desenvolvimento o Programa Gaúcho para Qualidade e Valorização da Erva-Mate. Dividido em três partes, o programa busca intensificar a qualidade da produção de erva-mate no campo e a qualidade na indústria. “Passamos 2017 realizando o diagnóstico nas cinco regiões ervateiras do Estado: Palmeira das Missões, Erechim, Machadinho, Ilópolis e Venâncio Aires. Desenhamos um planejamento estratégico para o programa e validamos com a cadeia produtiva. Sendo aprovado no final de 2017, passamos, a terceira fase”, resume.
A execução desta terceira fase se divide em três aspectos prioritários. O primeiro se refere ao resgate, multiplicação e preservação de remanescentes nativos de erva-mate, com um resgate genético, multiplicação e preservação dos tipos de erva-mate que ainda existem para que esse material não se perca no tempo e possa ser aproveitado no futuro. Essa preservação se dará em bancos vivos.
Outro aspecto diz respeito às boas práticas agrícolas. Direcionado aos produtores, visa qualificar as boas práticas de manejo dos ervais e para isso são realizados treinamentos, dias de campo, ações em unidades demonstrativas, entre outras. Por último, está em andamento o curso de boas práticas na produção de erva-mate e derivados. Criado para atender uma portaria da Secretaria Estadual de Saúde que coloca a obrigatoriedade da indústria de ter um responsável capacitado para o manejo da erva-mate. No Estado são 250 indústrias, das quais 100 já têm profissionais capacitados. Para o mês de maio está programado mais um treinamento que deve envolver profissionais de pelo menos mais 20 indústrias.
Pesquisa
A pesquisa em erva-mate conta atualmente com a participação de universidades e da Embrapa Florestas. Nesta semana foi instalado em Machadinho uma unidade de pesquisa de manejo de solo para a erva-mate. Além disso, há iniciativa que visa proteger as nascentes nas áreas onde é cultivada a erva-mate, bem como sistemas agroflorestais.