Interditado desde 2016 do ano passado, o edificio Gralha, na Cohab I, virou alvo de furtos e refúgio para assaltantes e consumidores de drogas. No domingo pela manhã, alguns proprietários foram até o local e flagraram um homem dormindo em um dos apartamentos. Ele foi entregue para a Brigada Militar e levado para delegacia da Polícia Civil. Após registro do boletim de ocorrência acabou liberado.
Os 16 moradores tiveram de abandonar o prédio depois da interdição feita pelo Corpo de Bombeiros baseado em um laudo técnico que apontou problemas estruturais na edificação. Aproveitando a situação de abandono, nos últimos meses, os ladrões começaram a furtar portas, janelas de alumínio, além de pertences deixados pelos moradores nos apartamentos.
O local também vinha servindo de esconderijo para assaltantes. Nas semana passada, policiais da 2ª DP, prenderam o autor de dois roubos a coletivos urbanos. O homem, conhecido por Paulão, estava usando um dos apartamentos do Gralha como moradia.
Vizinhos relatam a movimentação de pessoas no prédio durante o dia e à noite. Eles acessam o interior através de uma porta dos fundos. "Já vi eles entrando pela frente. Escalam essa grade e alcançam a janela no segundo andar", disse um morador das proximidades.
Segundo o vereador Saul Spinelli, que acompanha o caso, com os moradores, a segurança seria reforçada para impedir a entrada no prédio. "Solicitamos que as portas sejam soldadas. Também será feita uma limpeza no local", informou.
Caso
Os 16 proprietários do edifício Gralha ingressaram com uma ação na Justiça Federal contra a Caixa Econômica Federal para solucionar o caso. Em agosto do ano passado, um laudo técnico, contratado e pago pelos próprios moradores, foi definitivo: O estudo classificou a situação do imóvel na categoria de risco crítico e de que a única alternativa recomendada pelo especialista foi a demolição do prédio. O engenheiro responsável pelo laudo constatou prolemas na fundação, revestimento e também no material utilizado, já sem vida útil. O estudo também apontou uso de material inadequado, como no caso de tijolo de seis furos, que não tem função estrutural, usado na fundação e na região da escadaria.
Da calçada, Rudinei Deffart, 36 anos, lamentava ontem à tarde, a situação de seu apartamento 8B, cuja janela já havia sido levada pelos ladrões. Para adquirir o imóvel, ele pagou R$ 40 mil e financiou o restante, mais R$ 50 mil com a Caixa Econômica Federal, por um período de 25 anos. Também pagou um seguro extra. Assim como os demais moradores, teve de buscar outra moradia. Atualmente, paga aluguel no bairro Dona Júlia, no valor de R$ 700. "Estamos nessa situação indefinida. Encontramos o cara dormindo dentro do apartamento, é muito triste" declarou.
Outra proprietária, Rosemari da Rosa dos Santos, classificou a situação como 'humilhante'. "Tivemos de deixar nossa própria casa, pagando aluguel, e enfrentando esse tipo de situação. Já passou de horrível", definiu.