A mesa de abertura do seminário internacional “O modelo comunitário na educação superior: uma visão de futuro”, que ocorre nos dias 7 e 8 de maio, na Universidade de Passo Fundo (UPF), abordou o tema “A história das Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Ices)”. A atividade foi realizada na noite desta segunda-feira, 7 de maio, no auditório da Faculdade de Odontologia. Participaram da mesa os professores Jayme Paviani (UCS) e Walter Frantz (Unijuí), mediados pelo professor João Pedro Schmidt (Unisc).
As Instituições Comunitárias de Ensino Superior (Ices), expressivas no sul do Brasil, configuram um modelo institucional público não-estatal. Surgiram na segunda metade do século passado, como resultado da mobilização de suas comunidades, que se organizaram em torno da interiorização da educação superior em um cenário de ausência do poder público estatal. São instituições cuja propriedade legal é privada, apesar de serem sem fins lucrativos e de terem finalidades públicas.
A sua base de financiamento é composta predominantemente por recursos privados, oriundos do pagamento de mensalidades. A gestão das Ices é colegiada e conta com a participação de representantes da comunidade interna e externa em instâncias decisórias, o que denota o seu caráter democrático. A principal característica das instituições comunitárias é o seu compromisso com o desenvolvimento da comunidade regional, o que se dá por meio do ensino, da pesquisa e da extensão.
Um relatório feito em 1985 – que contou com a presença de diversas instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina – foi o que embasou a apresentação do professor da UCS. Na época, o documento já apresentava apelos mostrando que a universidade comunitária era uma nova alternativa de universidade, nem rigorosamente empresarial e também não convencional, mas uma terceira modalidade de universidade particular, que provém da comunidade. “As características evoluíram com o tempo, mas muitas até hoje não conseguiram colocar em prática totalmente. Entre os anseios, estavam a participação do governo nas mensalidades. Fazer com que essas universidades comunitárias, que têm as mensalidades pagas pelos alunos, pudessem ter a participação dos governos para subsidiar parte dessas mensalidades”, comentou Paviani.
O professor da Unijuí destacou o que está por trás da história das universidades comunitárias, buscando olhar para o momento atual e projetando uma reflexão para o futuro. “As universidades comunitárias são expressões da sociedade civil, que se organizaram, principalmente, no período da modernidade. Neste momento da humanidade, o mais importante é entender como fazer uma universidade comprometida com a vida, seja com a vida humana, seja com a vida da natureza”, destacou Frantz.
O mediador da mesa, professor João Pedro Schmidt, destacou alguns desafios e prospecções para o futuro. Entre os desafios, estão a produção acadêmica e o aprofundamento do tema do comunitário e do terceiro setor. Para Schmidt, os vínculos regionais são indispensáveis, mas a dinâmica da tecno-ciência é globalizada. Outro ponto importante lembrado pelo professor é a mobilização política. “Foi possível colocar no papel a Lei 12881/2013. Agora, é preciso tirá-la do papel e reavivar o debate político: o sentido da democracia na universidade, no país, como forma de vida”, pontuou Schmidt.
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