O protesto de caminhoneiros contra o aumento no valor dos combustíveis chega ao terceiro dia e já afeta o abastecimento de postos em pelo menos quatro municípios do Rio Grande do Sul. O problema é registrado em Pelotas e Santa Vitória do Palmar, ambas no Sul do estado, Erechim, no Norte, e também em Uruguaiana, na Fronteira Oeste.
A Prefeitura de Santa Vitória do Palmar decretou calamidade pública nesta quarta-feira (23) devido à situação. A decisão do prefeito Wellington Bacelo (MDB) foi anunciada após uma reunião de emergência no gabinete, com os secretários municipais.
Em razão da paralisação dos caminhoneiros, a maioria dos postos não é abastecida pelos caminhões-tanque desde segunda-feira (21). Frentistas e donos dos estabelecimentos dizem que, por enquanto, ainda não existe previsão para o recebimento de gasolina.
Durante a manhã desta quarta (23), motoristas bloquearam o acesso à refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, responsável pelo abastecimento de diversas cidades gaúchas e de outros estados do Sul do país. Motoristas eram abordados no acesso ao local, e orientados não entrarem.
A General Motors, montadora de carros da Chevrolet que tem fábrica em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, informou, ainda na terça-feira, que as atividades foram interrompidas.
"A GM informa que o movimento dos caminhoneiros está impactando o fluxo logístico em suas fábricas no Brasil, com reflexo nas exportações. Com a falta de componentes, as linhas de produção começam a ser paralisadas e também estamos enfrentando dificuldades na distribuição de veículos à rede de concessionárias", diz a nota.
A cooperativa Aurora Alimentos também informou que paralisará suas atividades de produção na quinta-feira (24) e na sexta-feira (25), explicando que o transporte de insumos está compromentido com as interrupções nas estradas. Em nota enviada na terça-feira, a Aurora Alimentos salientou que a capacidade de estoque está exaurida.
O que querem os caminhoneiros
Os protestos começaram ainda na noite de domingo (20) em diferentes rodovias federais e estaduais do Rio Grande do Sul. Pneus foram queimados às margens das estradas na madrugada de segunda (21).
A categoria quer a redução do valor do óleo diesel, que tem tido altas consecutivas nas refinarias. Na terça, o preço sobe 0,97% nas refinarias. Mas a Petrobras já anunciou que a partir desta quarta-feira (23), o valor cairá 1,54%. A escalada dos preços aconteceu em meio à disparada dos valores internacionais do petróleo.
As revisões podem ou não refletir para o consumidor final – isso depende dos postos. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de 8% no ano. O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O sindicato que representa os postos de combustíveis no Rio Grande do Sul, Sulpetro, por meio de nota, manifestou "descontentamento com a atual política de preços da Petrobras", com reajustes diários.
"A sistemática adotada em julho de 2017 está penalizando nocivamente os empresários varejistas de combustíveis e, por consequência, o consumidor", diz o comunicado. Na visão do sindicato, "a unifirmização das alíquotas de ICMS é uma das principais alternativas para reverter este quadro".
De acordo com o Sulpetro, as margens de lucro da gasolina para os segmentos de revenda e distribuição de combustíveis, além do frete, caíram de 17,8% para 14,8% - conforme dado de abril deste ano.