A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), representando mais de 170 empresas e cooperativas da cadeia produtiva e exportadora de proteína animal em atividade no Brasil, informam que as greves dos caminhoneiros estão impactando diretamente o setor produtivo de carnes em todo o país. Ao todo, 129 unidades produtivas das empresas associadas de carnes bovina, suína e de aves estiveram paralisadas ontem (23), com previsão de que, até a sexta-feira (25), mais de 90% da produção de proteína animal seja interrompida caso a situação não se normalize, somando mais de 208 fábricas de diversos portes paradas no Brasil.
Com os bloqueios nas rodovias, que impedem o acesso dos insumos necessários à produção e impossibilitam o escoamento de alimentos, deixaram de ser exportadas 25 mil toneladas de carne de frango e suínos, o equivalente a uma receita de US$ 60 milhões que deixa de ser gerada para o país. No caso da carne bovina, são cerca de 1200 containers que deixam de ser embarcados por dia.
Mais de 85 mil funcionários das indústrias e cooperativas de proteína animal de diversos portes estão com as atividades suspensas nas unidades produtivas. Da mesma forma, os diversos fornecedores de insumos também estão sendo impactados.
Os estabelecimentos menores e de cidades pequenas ou regiões metropolitanas – que mantém um ciclo de entrega de produtos a cada dois dias – já estão com o abastecimento comprometido. Essa dificuldade pode atingir os grandes centros nos próximos dias.
Além de haver o risco real de desabastecimento, com a greve, o setor de proteína animal, que emprega mais de 7 milhões de pessoas e é responsável pela produção de mais de 25 milhões de toneladas de alimento/ano.
A ABIEC e a ABPA reiteram que o movimento é um direito da categoria, mas reafirmam a importância da manutenção do transporte de alimentos para a população. As consequências já ganharam contornos graves e o setor produtivo entende que é necessário que sejam tomadas as devidas medidas por parte dos governantes para que a situação seja sanada o quanto antes.
Reflexo nas atividades de cooperativas
A paralisação dos caminhoneiros, iniciada no último dia 21 de maio, tem causado grande preocupação ao movimento cooperativista. A mobilização traz graves reflexos econômicos, forçando a interrupção das atividades das cooperativas agropecuárias brasileiras, que atuam nas diversas cadeias do agronegócio, em especial, as de lácteos, aves, suínos e peixes.
Pela característica dessas atividades, a logística de suprimento de insumos e as operações envolvendo produtos perecíveis são diretamente impactadas pela atual situação, fazendo com que os empreendimentos cooperativos sejam forçados a paralisar, por exemplo, suas linhas de abate e processamento, pois a capacidade de estocagem não consegue suportar a inviabilidade de escoamento da produção. Assim, prejuízos têm sido acumulados a cada dia e vários já são os empreendimentos que notificaram o início ou necessidade de suspensão de suas atividades.
Na medida em que o tempo passa, a situação se torna cada vez mais crítica, acirrando os prejuízos não apenas às cooperativas e aos produtores cooperados, como também à toda população.
O cooperativismo brasileiro, representado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), reconhece que a motivação da manifestação é legítima, dados os impactos diretos ocasionados ao setor produtivo e serviços de transporte pelos consecutivos aumentos nos preços dos combustíveis em todo o país. Dessa forma, torna-se imprescindível uma imediata atuação do Governo Federal no sentido de se chegar a um adequado entendimento junto às lideranças do movimento, mitigando assim os prejuízos e evitando o colapso no abastecimento interno e nas exportações.