O protesto dos caminhoneiros ganhou adesão de mais categorias ontem, em Passo Fundo. Pela manhã, um grupo de agricultores se uniu aos manifestantes no quilômetro 301 da BR 285. Máquinas agrícolas dividiram espaços com os caminhões.
"Também sofremos os efeitos dos aumentos dos combustíveis, principalmente do diesel. Somos solidários aos caminhoneiros e vamos manter o apoio até o final", disse uma das manifestantes, que pediu para não se identificar.
À tarde, foi a vez dos motociclistas se unirem ao protesto. Por volta das 13h30min, cerca de 100 motoboys se concentraram na avenida Brasil, entre a avenida Sete de Setembro e a rua Coronel Chicuta. O trânsito ficou interrompido por aproximadamente 30 minutos.
Em seguida, eles partiram para a BR 285, onde acontece a manifestação dos caminhoneiros. Na chegada, foram recepcionados com aplausos pelos motoristas. As motos ficaram enfileiradas sobre o canteiro lateral da pista e o trânsito liberado.
De mãos dadas, motoboys e caminhoneiros rezaram a oração do pai nosso e cantaram o hino nacional. Um dos representantes dos motociclistas, Ivanir Carlos Dalla Costa Zandoná disse que a categoria também depende do combustível para trabalhar e que os constantes aumentos vêm dificultando a atividade. "Estamos juntos apoiando eles. Decidimos de ontem para hoje. Uma tele sai R$ 7 ou R$ 8 e a gasolina por R$ 5. Não tem lógica. Agora vamos seguir até o final com eles".
Aproveitando a sombra provocada por uma máquina agrícola, o caminhoneiro, Pedro da Silva, 37 anos, acompanhava a movimentação. Parado em Passo Fundo desde terça-feira, ele havia partido de Tapejara com destino a Pelotas, transportando uma carga de aproximadamente 20 quilos de carne (ave e suíno). Preocupado com a conservação do produto, disse ter sido obrigado a parar, no entanto, acredita que a paralisação deve ser mantida para surtir algum resultado. "Metade do frete vai no diesel, sem contar a manutenção do veículo. Tem que mudar isso", observou.
Protesto no centro
Caminhoneiros, agricultores e motoboys devem se reunir novamente nesta quinta-feira, no início da tarde, na avenida Brasil, centro, para mais uma manifestação.
Fetag
A Fetag-RS definiu na tarde de ontem, em conjunto com suas 23 Regionais Sindicais apoio à paralisação dos caminhoneiros. A entidade encorporará os pontos de mobilização no estado a partir de amanhã com algumas prerrogativas, sendo que estas são determinantes para o apoio da entidade ao movimento de greve.
Entre essas prerrogativas, a Fetag-RS solicita que os caminhoneiros permitam a passagem de cargas vivas (leite, ração e animais vivos) e que estes declarem apoio à pauta do Movimento Sindical, levando como foco a redução de preço dos combustíveis, redução de impostos na energia elétrica, regulamentação da lei 13.606 (trata do desconto do PRONAF para agricultores familiares) e redução de juros do Plano Safra 2019.
O Movimento Sindical realizará na sexta-feira, dia 25, atos pelo estado organizados pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais para fortalecer a greve e mostrar ao governo o descontentamento com a situação atual, onde a sociedade paga o alto preço da corrupção que está disseminada em nosso país.
Pretrobras anuncia queda de 0,62% no preço da gasolina
A Petrobras anunciou ontem (23), pelo segundo dia consecutivo, redução nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias. A partir de hoje (24), o preço da gasolina cai 0,62% e passa a custar R$ 2,0306 o litro. O preço do diesel terá redução de 1,15% e passará a custar R$ 2,3083, de acordo com a estatal.
Em dois dias, as quedas acumuladas chegam a 2,69% para a gasolina e a 2,67% para o diesel. Apesar disso, a gasolina acumula altas de 12,95%, em maio, e de 16,76% em um mês. O diesel soma aumentos de 9,34%, em maio, e de 15,16% em um mês.
O alto valor do preço do combustível é o principal motivo para a manifestação nacional dos caminhoneiros, que começou no final da noite de domingo (20).