A última semana de maio começou com protesto nas ruas de Passo Fundo. Cerca de 500 pessoas se reuniram no centro da cidade, durante à tarde de segunda-feira (28), com o mesmo intuito: apoiar a greve dos caminhoneiros. O movimento iniciou na Avenida Brasil, interrompendo o trânsito na esquina com a Bento Gonçalves, e depois prosseguiu até o Parque da Gare. Entre os presentes estavam trabalhadores do transporte público, autônomos, sindicato dos comerciários, agricultores, professores, empresários do comércio e bancários.
Na Avenida Brasil os motoristas dos ônibus urbanos foram os responsáveis por parar o trânsito. Os veículos ficaram estacionados na rua, não permitindo a circulação de veículos. A partir das 13h, nenhuma linha de ônibus estava funcionando na avenida. A paralisação por parte dos motoristas foi uma ação própria, decidida pelos mesmos.
“Estava saindo para trabalhar hoje e os colegas me pediram para paralisar. Conversar com eles, porque gostariam de fazer uma manifestação em relação aos trabalhadores e motoristas de caminhão. Queriam parar pela manhã, mas fizemos uma votação e paramos às 13h em apoio ao transporte rodoviário, caminhoneiros”, explicou o motorista da Coleurb que iniciou a paralisação dos ônibus, Vanderlei da Silva Pavão.
“A paralisação é dos motoristas e cobradores. A empresa já está participando com alguns carros na paralisação e gostaria de estar atendendo a comunidade. Como resolveram parar, nós não temos como não aderir junto com eles”, completou um dos responsáveis pelo conselho interno da Coleurb, Paulo Jair da Silva.
Também por contra própria, alguns motoristas da Codepas também se juntaram ao manifesto e interromperam suas linhas. No próprio local, em uma ação conjunta, os motoristas decidiram que iriam paralisar os ônibus até as 17h. A ideia era não prejudicar o transporte público no horário de maior pico, que acontece depois das 18h.
Responsável por iniciar a organização do protesto através de grupos nas redes sociais, Fernanda Marini estava presente no local e ressaltou que o importante é ser ouvido para fazer a mudança através do povo. “Hoje é o dia, como todos os dias que estamos deixando passar sem fazer nada. É o momento de pegar carona com os caminhoneiros. Para saber o que queremos é preciso estar presente, não adianta apenas ficar assistindo. Começou comigo e umas amigas na sexta-feira de tarde e ganhou corpo. Provavelmente somos umas 400 ou 450 pessoas”, ressaltou.
Na rua também era possível observar o comércio bastante dividido. Alguns lojistas iniciaram seu expediente e apenas observaram de dentro dos estabelecimentos. Outra parte aderiu ao movimento e também estava presente. Bandeiras de qualquer partido ou entidade estavam proibidas.
“É uma greve não só dos caminhoneiros. É uma greve da população. Toda vez que aumenta o combustível, também sobe o valor do frete e da mercadoria. Quem acaba pagando no final é a classe trabalhadora. Estamos apoiando não só essa greve. É greve no país, petroleiros também estão parando”, disse o presidente do Sindicato dos comerciários, Tarciel Silva.
Depois de discursarem na Avenida Brasil, o grupo se dividiu. Enquanto algumas pessoas continuaram na Bento Gonçalves, juntamente com os motoristas de ônibus, outro grupo ganhava apoio de motoqueiros, caminhoneiros e automóveis que chegavam no local. Com os motoristas buzinando e muitos dos motoboys a pé, empurrando suas motos, o segundo grupo se dirigiu até o Parque da Gare. No local, também paralisaram o trânsito e permaneceram durante o resto da tarde.