Cobertura vacinal cai 17% na região

Em seis anos, a cobertura vacinal de quatro doenças caiu mais de 17% na região da 6ª CRS. Coordenadoria promoverá encontro para tratar as causas e consequências da baixa adesão, além de traçar um planejamento para melhorar estatísticas

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

A campanha da vacinação contra a gripe deste ano terminou sem cumprir a meta para o grupo prioritário das crianças em Passo Fundo. A estimativa era imunizar 11,3 mil, mas apenas 7,1 mil receberam a dose. Foi o menor índice entre os grupos prioritários. A queda na cobertura vacinal de crianças não é exclusividade do município e preocupa autoridades de saúde. Com indicadores que mostram uma redução no número de imunizados na região nos últimos anos, a 6ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) promoverá, nos dias 12 e 13 de julho, um encontro para discutir a questão. De acordo com a coordenadora do Programa de Imunizações da Coordenadoria Regional de Saúde, Dinorá Fioravanso, o objetivo da reunião com os municípios é apresentar as estatísticas, discutir possíveis causas para essa queda e alertar para os riscos da diminuição no número de vacinados.


Em seis anos, a cobertura vacinal para doenças como a poliomielite, sarampo, caxumba e rubéola caiu mais de 17% na região de abrangência da 6ª CRS. Em 2013, os índices estavam acima dos 105% de cobertura. Em 2018, até o momento, os dados de vacinação, nesta faixa etária, não chegam a 90%. Na questão da Poliomielite, mais de 300 cidades não vacinaram nem a metade das crianças menores de um ano em 2017. Dois municípios da coordenadoria não atingiram 40% de cobertura vacinal da doença.


A febre amarela que alcançou 50% de cobertura em 2013 caiu para 30% em 2018 e até esse ano está em 56%. A 6ª CRS alega que não tem atingido níveis satisfatórios de imunização dessa doença há seis anos. Além desses casos, outras vacinas também apresentam redução na cobertura. Diante dos números, Dinorá explica que a reunião com os coordenadores de saúde epidemiológica dos municípios buscará, também, realizar um planejamento para aumentar a imunização.


Doenças estão voltando
O surto de sarampo no Brasil levantou a discussão a cerca da importância da vacinação. Nos últimos meses, cerca de 500 casos da doença e mais de 1,5 mil notificações foram feitas no país. O vírus já está em solo gaúcho. Até a última semana, a Secretaria de Saúde havia confirmado sete casos no Estado. A primeira notificação de sarampo no RS foi em março, em uma criança de um ano, não vacinada, moradora de São Luiz Gonzaga e que se contaminou em viagem à Europa, onde há um surto da doença. Mais de 20 mil casos e 35 óbitos foram registrados na Europa.
As Américas haviam sido consideradas livres da doença desde 2016, após ausência da circulação do vírus. Especialistas alertam que essas doenças, que estavam erradicadas, estão voltando justamente em virtude da falta de imunização da população. Para o médico pediatra Vilson Vieira Marques, entre os principais fatores que levam a falta de imunização estão as notícias falsas sobre vacinas disseminadas em redes sociais e os pais jovens que não têm a vivência do que são essas doenças virais.


São pais jovens que, sem saber os benefícios da imunização contra doenças que já haviam sido erradicadas no país, optam por não vacinar seus filhos, de acordo com Vieira Marques. “Essas crianças hoje estão espalhadas em todo o mundo. Isso não é um fator nosso de Passo Fundo, ou Rio Grande do Sul, ou Brasil. É mundial. Enquanto nós não temos um vírus aqui conosco está tudo bem. Mas no momento em que ele entra, como no caso do sarampo na Europa, o que acontece? Aquelas pessoas de mais idade, que estavam com seu sistema vacinal completo, não tiveram problemas. Mas as crianças que não foram imunizadas começam a ter a doença e ela se espalha. E o Brasil hoje está com a doença. Uma doença que já estava erradicada”, argumenta o especialista.


Além de uma questão de saúde pública, a imunização infantil também é pauta do direito. Isso porque a legislação brasileira prevê como obrigatória a vacinação deste público-alvo nos casos recomentados por autoridades sanitárias. O texto está inserido no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

Atenção
De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, qualquer indivíduo que apresentar febre e manchas no corpo acompanhadas de tosse, coriza ou conjuntivite deve procurar os serviços de saúde para investigação – principalmente aqueles que estiveram recentemente em locais com circulação do vírus.

Gostou? Compartilhe