Falta de habitat para reprodução preocupa preservação do papagaio-charão

O projeto é da Ong Amigos do Meio Ambiente (AMA), em parceria com a UPF

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Com uma população estimada em 20 mil indivíduos, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o papagaio -charão vem enfrentando dificuldades para se reproduzir com a derrubada de árvores velhas nas propriedades. O alerta é de integrantes do Projeto Charão, que monitoram essa espécie há 27 anos.


Segundo o pesquisador de campo do projeto, Roberto Tomasi Júnior, o charão somente se reproduz em cavidades de árvores. "Eles não constróem ninhos. Algumas pessoas pensam que árvores velhas não têm mais utilidade. Pelo contrário, são fontes de alimento e também habitat para reprodução de algumas espécies", explica.


De acordo com o especialista, que está na região de Passo Fundo monitorando, essa mentalidade vem mudando em razão do trabalho de educação ambiental desenvolvido nestas quase três décadas. O projeto é da Ong Amigos do Meio Ambiente (AMA), em parceria com a Universidade de Passo Fundo. A sede está instalada em Carazinho.


"Muitos proprietários já entenderam a importância de manter árvores velhas para a preservação da espécie. Também passaram a proibir que funcionários retirassem os filhotes para comercialização", observa.


Ele que conta que no início no projeto, em 1991, os primeiros levantamentos apontavam para uma população de aproximadamente oito mil indivíduos. Mesmo com o aumento para 20 mil, o número ainda é considerado baixo e está classificada na categoria vulnerável, conforme o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Rio Grande do Sul.


A classificação indica risco elevado de extinção na natureza em um futuro bem próximo, caso as circunstâncias que ameaçam a sua sobrevivência e reprodução não forem melhoradas. No casso do papagaio charão, Roberto afirma que essa dificuldade em encontrar habitat para reprodução é um dos riscos eminentes. Outra preocupação é quanto a preservação das araucárias na serra catarinenses.


"Essa ave tem como característica, agrupar toda a população em um local. No inverno, elas migram para para a região de Lages e Uribici, em Santa Catarina, onde existe abundância de pinhão. A sobrevivência delas depende da preservação destes locais como fonte de alimento", diz. Para amenizar a falta de habitat para reprodução, integrantes do projeto passaram a instalar caixas-ninho em algumas propriedades.


Papagaio-de-peito-roxo
A espécie papagaio-de-peito-roxo também vem sendo monitorada pela AMA há uma década. Diferente do charão, esta espécie está presente desde o Rio Grande do Sul até o sul da Bahia. Mesmo assim, as condições de preservação são ainda mais preocupante. A espécie está classficada como criticamente ameçada de extinção. Segundo Roberto, os especialistas percorrem até sete mil quilômetros nas expedições para monitorar o papagaio-de-peito-roxo. "Se não melhorarmos as condições de habitat, o risco de extinção do papagaio-de-peito-roxo é muito grande".
Equipes do Projeto Charão estão na região monitorando movimentação da espécie.

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