Cacá Diegues é o novo imortal da ABL

A votação foi feita por escrutínio secreto

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Cacá Diegues produziu clássicos do cinema como Xica da Silva e Bye Bye BrasilCacá Diegues produziu clássicos do cinema como Xica da Silva e Bye Bye Brasil
Cacá Diegues produziu clássicos do cinema como Xica da Silva e Bye Bye Brasil
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O cineasta Carlos José Fontes Diegues, conhecido como Cacá Diegues, foi eleito ontem (30) para ocupar a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado de Assis, que pertencia ao também cineasta Nelson Pereira dos Santos, morto em abril deste ano. A votação foi feita por escrutínio secreto. Diegues venceu outros dez candidatos, entre eles, a escritora Conceição Evaristo e o diplomata Pedro Corrêa do Lago. Dos atuais 39 membros, apenas cinco são mulheres. Os demais concorrentes foram Raul de Taunay, Remilson Soares Candeia, Francisco Regis Frota Araújo, Placidino Guerrieri Brigagão, Raquel Naveira, José Itamar Abreu Costa, José Carlos Gentili e Evangelina de Oliveira. A cadeira 7 da ABL foi ocupada anteriormente por Valentim Magalhães (fundador), que escolheu o poeta baiano Castro Alves como patrono, seguindo-se Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Afonso Pena Júnior, Hermes Lima, Pontes de Miranda, Dinah Silveira de Queiroz e Sergio Corrêa da Costa.


Fundador do Cinema Novo

Nascido em 19 de maio de 1940, em Maceió, Cacá Diegues é um dos fundadores do Cinema Novo. A maioria dos 18 filmes que realizou foi selecionada por grandes festivais internacionais, como Cannes, Veneza, Berlim, Nova York e Toronto, e exibida comercialmente na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, o que o torna um dos realizadores brasileiros mais conhecidos no mundo. Entre alguns dos seus filmes estão: Cinco vezes favela (1962), Quando o carnaval chegar (1972), Joana Francesa (1973), Xica da Silva (1976), Bye Bye Brasil (1979), Um trem para as estrelas (1987), e o recente, O grande circo místico (2018).


Diegues exilou-se na Itália e depois na França, após a promulgação do AI-5, em 1969, durante o regime militar. Foi casado com a cantora Nara Leão, da qual se separou em 1977, 12 anos antes de ela falecer. Com Nara, teve dois filhos: Isabel e Francisco. Desde 1981, é casado com a produtora de cinema Renata Almeida Magalhães, com quem teve a filha Flora.


Conceição Evaristo
A escolha para ocupar a cadeira número 7 da Academia rendeu mobilização na internet. Uma petição reuniu assinaturas para que a escritora mineira Conceição Evaristo fosse a escolhida. Caso se confirmasse, ela seria a primeira escritora negra a ocupar uma cadeira na ABL. Aos 71 anos, Conceição é uma das mais reconhecidas autoras negras do Brasil. Nasceu numa favela em Belo Horizonte, trabalhou como empregada doméstica, até se mudar para o Rio de Janeiro, aos 25 anos, onde passou num concurso público para o magistério. Graduou-se em Letras, é mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.
Durante passagem pela Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, em novembro do ano passado, ela concedeu entrevista ao ON, onde declarou que escrever tem vários sabores. "“Um deles, é o sabor da vingança. Não a vingança que parte de um estado de frustação, mas uma vingança que rompe com o silêncio. É como tentar segurar a água na mão. Ela vaza por entre os dedos, porque encontra seu próprio caminho, suas brechas. Para mim é isso. Essas brechas têm um efeito coletivo”, declarou.

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