O patriotismo é um sentimento muito lembrado nesta época do ano em que se comemora a independência do Brasil. Uma busca rápida na internet nos mostra que o patriotismo é o sentimento de orgulho e de amor pela pátria. Mas será que hoje, as pessoas realmente têm noção do que significa ser patriota?
O presidente da Liga de Defesa Nacional de Passo Fundo, Gilmar Teixeira, acredita que nos últimos anos as pessoas têm demonstrado maior interesse pelo tema, principalmente em decorrência da situação brasileira. “As pessoas estão indo atrás de resgatar valores e dar a mão à nossa mãe pátria que está doente”, comenta. Segundo ele, com o trabalho da Liga, juntamente com a Prefeitura de Passo Fundo, tem resultado em uma participação cada vez maior das pessoas tanto nos desfiles de 7 de setembro, quanto na programação da Semana da Pátria.
O professor da Área de Ciências Sociais da UPF, Vinícius Rauber, destaca que o patriotismo em si já é uma ideologia política, ainda que muitas pessoas não associem a isso. Para ele, o patriotismo e o nacionalismo têm diferentes versões que envolvem ideologias políticas, tanto de esquerda quanto de direita. Para ele, momentos como esse, de exaltação da Nação, como é o 7 de setembro, servem para refletir que tipo de Nação as pessoas querem.
“Podemos pensar se queremos ser a nação que age com xenofobia como no caso dos venezuelanos e de muitos outros estrangeiros que não são devidamente acolhidos em nosso país, ou se queremos ser a terra que permite que os estrangeiros possam vir aqui e prosperar, contribuindo para a nossa sociedade, tanto culturalmente quanto materialmente. Ou podemos refletir no plano econômico se queremos ser a nação soberana, uma liderança política regional e mundial, visando à integração dos povos, ou se queremos ser uma nação que entrega nossos recursos naturais, nossa tecnologia, nossas empresas, nossa mão de obra, etc., para o mercado internacional enriquecer. Tudo isso envolve patriotismo e nacionalismo e engloba ideologias políticas”, opina.
Para o pesquisador, o país passou por uma ditadura militar que aumentou as desigualdades sociais (misérias, favelas, êxodo rural, entre outros). “É a grande responsável pela violência dos dias atuais, e que violou direitos humanos fazendo com que as praticas de tortura se cristalizassem institucionalmente num país já marcado pela escravidão. O desfile militar deveria ser visto não só como uma homenagem aos trabalhadores do exército que protegem nossas fronteiras e cuidam de nossa soberania, mas também como uma lembrança dos perigos do nacionalismo exacerbado. Um pouco de sentimento patriota é bom, no sentido que mantêm as pessoas do país unidas, pessoas que muitas vezes não se conhecem ou tem pouco em comum se mantém solidárias umas com as outras. Mas no momento em que esse sentimento patriota se unem contra aqueles que são os estrangeiros, os forasteiros, as coisas podem acabar mal, como foi na Alemanha do período nazista”, analisa.