Foi durante o planejamento da disciplina de Biomecânica que a professora Dra. Teofanes Foresti, do curso de Design de Produto da Universidade de Passo Fundo (UPF), teve a ideia de desenvolver uma atividade em que os acadêmicos pudessem visualizar na prática o conceito de movimento. O trabalho transcendeu o espaço da sala de aula e uma iniciativa social envolveu os acadêmicos do curso, que criaram aparelhos de fisioterapia pensando nas necessidades de idosos que residem no Lar de Idosos Nossa Senhora da Luz, em Passo Fundo.
A professora conta que, como o curso já havia realizado outros projetos em parceria com o Lar de Idosos, contatou a fisioterapeuta daquela instituição, Kelly Felinni, para saber mais sobre as necessidades motoras dos abrigados. “Soubemos que eles tinham acompanhamento de fisioterapeuta, mas não realizavam atividades importantes por falta de equipamentos. Em uma aula, apresentamos a situação aos alunos e, de imediato, os acadêmicos aceitaram o desafio”, explica.
Os equipamentos, um espaldar e uma roda de ombro, foram projetados e confeccionados pelos acadêmicos Eduarda Pagnussat, Erica Rigotti, Felipe Canova, Adilson Chaves, Rafael Manfro e Mariane Lara, que foram orientados pela fisioterapeuta Kelly. “Sempre busco associar as atividades das disciplinas a situações reais, em um contexto no qual os alunos possam pensar as situações, as vivências e as experiências reais”, relata Teofanes, que coordenou o projeto.
O projeto
Conforme a professora, para a criação dos equipamentos, os acadêmicos fizeram o projeto considerando os requisitos de usabilidade e, principalmente, questões ergonômicas relacionadas ao dimensionamento e à adequação ao uso pelo idoso. “Depois do desenho e do dimensionamento do projeto, eles deram início à produção e, para isso, buscaram utilizar materiais como barras de ferro e madeira, muitos deles, reutilizados”, conta Teofanes.
No processo de fabricação, o grupo realizou atividades de corte, solda e lixamento. “Todo esse processo foi possível pela infraestrutura disponibilizada nos laboratórios da UPF”, frisa a professora, que elogia a atuação dos acadêmicos. “Eles participaram do desenvolvimento em todas as etapas do projeto. Sempre proativos, buscavam as informações e os materiais necessários para a execução, trocavam informações sempre de forma colaborativa com os demais colegas, relacionando os conhecimentos anteriormente já adquiridos como a ergonomia aplicada ao produto”, destaca.
Os materiais para fabricação do espaldar e da roda de ombro foram reutilizados, compostos por barras de ferro, madeira, pallet, cabos de vassoura e tubos. Ao todo, foram 6 meses – todo o semestre acadêmico – desde que o projeto iniciou até a conclusão e a entrega ao Lar. “Todos ficaram muito satisfeitos com o resultado final e com a aplicação prática, que resultou em um ganho de melhoria de qualidade de vida para os idosos”, relata Teofanes.
Ação social
A ação, para os acadêmicos, trouxe imensuráveis benefícios, que estão relacionados à promoção de bem-estar social e humano e ao propósito de trazer uma melhora na qualidade de vida, de proporcionar um ganho além do material ou físico, de provocar sorrisos, olhares de gratidão, e, principalmente, relacionados à percepção sobre o quanto suas ações têm impacto positivo na comunidade. “Para os alunos, a experiência de desenvolver uma atividade cujo conhecimento proporcionou uma vivência prática tornou a disciplina mais prazerosa, possibilitando que eles percebessem as inúmeras possibilidades de contribuição: poder, a partir da profissão que escolheram, cooperar e trabalhar em benefício da qualidade de vida de outras pessoas com certeza é ir além da experiência prática-teórica, é uma vivência de mercado e de vida”, enfatiza a coordenadora da atividade.
Outro aspecto importante da ação destacado pelo grupo é o de que os aparelhos confeccionados e doados ao Lar de Idosos têm um alto valor de mercado, o que impossibilitava sua aquisição, de forma imediata, por aquela instituição. Com isso, foi possível unir a teoria e a prática, desde o desenvolvimento do projeto até a confecção do produto final. “É uma satisfação para todos os envolvidos na atividade, que, ao final, puderam ver o resultado de todo trabalho como uma forma de entregar para a comunidade um pouco daquilo que se aprende por meio do conhecimento em sala de aula e a alegria de poder ajudar a quem mais precisa”, conclui Teofanes.