Era 4h da madrugada de quarta-feira quando a diarista Selma Noronha acordou com um estouro em sua casa, na Rua Lalau Miranda, Bairro Primeiro Centenário. Assustada levantou para ver o que estava acontecendo e se deparou com a casa sendo inundada pela enxurrada. Com quase um metro de água dentro de casa, apenas teve tempo de pegar o filho e pedir socorro aos vizinhos. Nas proximidades, pelo menos outras cinco casas foram invadidas por água, lama e tudo mais que a correnteza pode carregar enquanto descia.
No escuro, sem ter o que fazer contra a força da água não pode salvar um dos quatro cachorros, que acabou morrendo afogado. Os móveis, eletrodomésticos e até o carro da família ficaram debaixo da água. A geladeira virou e ficou boiando. A força da água era tanta que foi capaz de levantar o carro, que ficou batendo no portão da garagem. Moradora do local há cerca de 15 anos, já havia presenciado outras inundações, mas nenhuma como a da madrugada desta quarta-feira.
Logo ao lado, a professora Neusa Martins, que mora há cerca de 40 anos na região, mostra os estragos causados nas residências de familiares. O local está em uma baixada, e a água que desceu da parte superior pegou todos de surpresa, derrubou vários muros, matou ainda galinhas e espalhou os peixes que eram criados em um pequeno açude de uma casa da vizinhança. “É a terceira vez que eles perdem praticamente tudo. Precisamos de uma solução”, lamenta.
Nos relatos dos vizinhos, eles contam que há uma galeria que, no entanto, não teve capacidade de dar vazão a todo o volume de água. O lixo carregado pela enxurrada piorou a situação do escoamento e também das residências. Além disso, os bueiros da rua estavam entupidos e não foram capazes de ajudar a escoar a água.
Na casa em que mora Arlete Fátima Ferreira Terres e a mãe idosa, a enxurrada também pegou ambas de surpresa enquanto dormiam. Elas moram há 49 anos na região. “É a primeira vez forte assim. Geralmente alaga o pátio, mas dessa vez molhou até a metade da geladeira, armários com comida, tudo ficou embaixo da água”, relata. A mãe dela acordou na madrugada e ao se levantar a água já estava na altura da canela. “Estamos acordados desde as quatro e meia”, conta.
Nos fundos, a casa de familiares também invadidapela água. Arlete mostra um cão de grande porte e conta: “o coitado ficou só com a cabeça pra fora da água”. No local estavam guardados os equipamentos de trabalho de Antônio Marcos Fischer, que atua na área de metalurgia. Olhando para todos os equipamentos, muitos dos quais ficaram totalmente submersos, ele lamenta. “Mais ou menos uns dez mil reais estragou”, estima ainda sem ter a certeza do tamanho do prejuízo.
Apesar dos danos materiais causados nas várias residências, ninguém ficou ferido durante a enxurrada.
Estado
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul, junto com as coordenadorias regionais dos municípios, seguem auxiliando as cidades atingidas pelos últimos eventos climáticos. Na madrugada dessa quarta-feira (3), mais cinco localidades tiveram ocorrências de danos causados pelo forte granizo. Crissiumal teve o maior número de estragos contabilizados até o momento. Mais de 2.700 residências ficaram parcialmente danificadas. Três Passos contabiliza 60 residências danificadas por causa dos temporais e pedras de gelo.
A Defesa Civil oferece ajuda às localidades atingidas. Qualquer informação ou pedido de auxílio pode ser encaminhado através do telefone 199.
Alerta por SMS
Por meio de mensagens de texto, a Defesa Civil Estadual consegue avisar sobre a possibilidade de eventos adversos. Para receber esses alertas, envie do seu celular um SMS para o número 40199 (sem ponto/sem traço) com o CEP desejado. O serviço é gratuito e de fácil utilização.