No período de transição entre a safra de inverno e a de verão, o clima é de pouco otimismo entre os agricultores. O clima durante a fase crítica de desenvolvimento das culturas de inverno prejudicou a qualidade da cevada, diminuiu a produtividade da canola e para o trigo, que começa a ser colhido em alguns dias, a expectativa também não é muito boa. Para as culturas de verão, o milho já está todo plantado e o clima tem favorecido o desenvolvimento. No caso da soja, o plantio ainda não chegou a 20% da área total a ser cultivada.
O engenheiro agrônomo da Emater Regional de Passo Fundo, Cláudio Dóro, explica que mais da metade da área cultivada de cevada já está colhida, e o restante deve ser colhido nos próximos dias. “Está surpreendendo negativamente. Não pela produtividade, que está entre 2.500 a 2.700 quilos por hectare, mas a qualidade é muito ruim. Choveu muito em setembro e outubro e coincidiu com o ponto crítico de formação de grãos e maturação. Os agricultores não estão conseguindo entregar cevada cervejeira, está depreciada e passando como forrageira”, avalia Dóro. Em função dos problemas, grande parte dos produtores está recorrendo ao Seguro Agrícola ou ao Pró-Agro pedindo cobertura de prejuízo. “Estamos fazendo os laudos. É uma safra frustrada”, reitera. Neste ano, a cultura ocupou 14.803 hectares na região. A área foi menor em relação ao ano passado.
Trigo
No caso do trigo, ainda não foi iniciada a colheita, o que deverá ocorrer a partir da próxima semana. Conforme Dóro, a situação não deve ser muito diferente da cevada. “A cultura está com potencial produtivo razoavelmente bom, mas com o clima úmido, a temperatura em ascensão e os dias nublados, as doenças fúngicas, como giberela, septória e bruzone se instalaram e isso deprecia a qualidade. Ainda é muito duvidoso. Precisamos iniciar a colheita para ter um panorama melhor. Mas deve ser mais pra ruim do que pra boa”, prevê. Mesmo que haja quantidade, quando cai a qualidade do grão, ele perde valor e o agricultor poderá precisar recorrer ao Pró-Agro e Seguro Agrícola. “Hoje o trigo classe pão, de primeira qualidade, está em R$ 40 a saca, mas se cair a qualidade o preço já deprecia bastante”, explica. Na região foram cultivados 49.998 hectares.
Canola
A canola está praticamente toda colhida e o rendimento médio é de cerca de 15 sacos por hectare. Dóro explica que a produtividade é suficiente para pagar o custeio, mas muitos produtores não estão conseguindo nem isso. “Ela sofreu com uma geada forte em agosto e depois o excesso de chuva na colheita também. As síliquas que abrigam o grão se abrem muito fácil com a chuva”, justifica.
Safra de verão
Para as culturas de verão o quadro é menos pessimista. O milho está praticamente todo plantado em uma área de 49 mil ha, nos 42 municípios da região do Planalto. “Está em fase de desenvolvimento vegetativo e hoje os agricultores estão realizando os tratos culturais com a aplicação de adubo em cobertura em forma de uréia, o padrão das lavouras é muito bom e as lavouras estão excelentes, a chuva foi muito benéfica. As condições climáticas estão de acordo com as necessidades da planta”, avalia. Segundo ele, as temperaturas em elevação e a chuva beneficiam a cultura, apesar de a insolação estar um pouco baixa. “Em geral está com bom padrão e alto potencial produtivo. O aspecto fitossanitário da lavoura também não tem problema de pragas e doenças. O plantio encerrou e agora é monitorar a lavoura”, orienta.
Soja
Neste ano, serão plantados 612.659 hectares de soja na região, um acréscimo de 1,1% em relação ao ano passado. As lavouras ainda estão em formação, os agricultores estão plantando há cerca de 10 dias. “Temos 17% da área plantada. Apenas não evoluiu mais por causa das chuvas que estão ocorrendo”, pontua. O plantio inicia em 15 de outubro e vai até 10 de dezembro, e esta é considerada a melhor época, até 20 de novembro. “É a melhor janela de plantio e os agricultores estão preparados, é só melhorar o tempo que não param mais as máquinas. Eles já compraram insumos, adubo, sementes, defensivos. A partir de sábado pra frente a ordem é plantar”, estima. Até o momento não há problemas nas áreas que iniciaram o plantio, mas as pancadas de chuva fortes podem ter causado algum dano em função das plantas ainda não terem enraizado o suficiente e também em áreas de solo sem cobertura. Não há levantamento específico no momento.