O Ministério do Trabalho de Passo Fundo (MT), embargou, na manhã de ontem, a obra onde morreu o senegalês Cheikh Cisse, 22 anos. Duas auditoras vistoriaram o local e constataram falta de segurança. A empresa Traçado-Andreetta, responsável pela construção, localizada às margens da BR 285, saída para Carazinho, seria notificada na tarde de ontem. De acordo com a chefe de fiscalização do MT, Áurea Machado de Macedo, o levantamento constatou diversas irregularidades. Uma delas é de que não havia escoramento dos taludes na escavação. A terra retirada da escavação foi depositada muito perto da borda, o que pode ter provocado o desmoronamento. Também não havia escada para facilitar a saído dos trabalhadores do interior da valeta, e nem proteção coletiva no entorno, para evitar quedas.
Áurea explicou que, após receber a notificação, a empresa terá de apresentar todos os documentos exigidos, além do projeta da obra e registro dos trabalhadores. "Não existe um prazo determinado. O embargo segue até que a empresa cumpra as medidas determinadas pelo MT", afirmou. O caso também está sendo investigado pela Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHP).
Corpo foi encaminhado para Porto Alegre
Cheikh Cisse morreu na segunda-feira, por volta das 8h45min, quando realizava o nivelamento de uma valeta no fundo do terreno, próximo a um muro. No local será construído um galpão. Ele estava acompanhado de outros dois colegas. Ao se deslocar para buscar uma ferramenta, ocorreu o desmoronamento. Segundo testemunhas, Cisse ainda tentou correr, mas acabou soterrado. O jovem residia em Erechim e estava no Brasil havia pouco mais de três anos.
O corpo dele foi encaminhado para Porto Alegre ainda na madrugada de ontem e será levado para Touba, sua cidade natal, no Senegal. Segundo o presidente da Associação dos Senegaleses de Passo Fundo, Aliou Thiam, as despesas do translado será custeada pela empresa onde o jovem trabalhava.