Uma história para inspirar o ano novo

Uma carteira perdida resultou em uma boa ação que apesar de dever ser uma regra, virou uma exceção

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· 3 min de leitura
Fabrício (esquerda) encontrou a carteira de Leonardo e fez tudo que pode para devolvê-la. A boa ação beneficiou ainda um menino de dez anos que foi presenteadoFabrício (esquerda) encontrou a carteira de Leonardo e fez tudo que pode para devolvê-la. A boa ação beneficiou ainda um menino de dez anos que foi presenteado
Fabrício (esquerda) encontrou a carteira de Leonardo e fez tudo que pode para devolvê-la. A boa ação beneficiou ainda um menino de dez anos que foi presenteado
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Não se surpreenda com essa história. Esta é apenas uma história comum, sobre pessoas comuns, mas com atitudes que deveriam ser mais comuns e nem deveriam estar nesta página. Não se surpreenda por uma criança de dez anos ter ganhado um carrinho de controle remoto de desconhecidos após ter escrito uma carta ao Papai Noel e tê-la deixado na recepção de uma rádio local. Não há nada de surpreendente nisso, mas há sim algo que precisa ser contado sobre essa história e sobre como esse carrinho chegou às mãos dessa criança. Se você espera algo extraordinário é recomendável que você não continue a ler essa história. Agora, se você pretende reforçar, nem que seja um pouco, a sua esperança nas pessoas, então esse texto é para você.


Esta é uma história que ligou pessoas até então desconhecidas e resultou em um ato de generosidade. Tudo começou com uma carteira perdida em uma loja de departamentos. Um cliente distraído que entrou para fazer algumas compras, acabou perdendo-a e, junto a ela, o dinheiro, R$ 314, que carregava. Na carteira não havia documentos, apenas um cartão de crédito com um nome. Ela foi encontrada por um funcionário que até tentou encontrar o dono, mas logo desistiu e a deixou guardada para caso o cliente aparecesse para procurá-la.


No dia seguinte, um domingo, Fabrício Veiga chegou para trabalhar, ele seria o supervisor da loja daquele turno e encontrou a carteira na gaveta. Perguntou ao colega porque ela estava lá e ele contou o caso. “Não havia documento, só um cartão de crédito e R$314, consegui encontrar o cliente pelo Facebook e perguntei para meu colega se ele conseguia lembrar da fisionomia dele e ele confirmou. Mandei mensagem e ele não respondeu, daí na terça-feira encontrei a esposa dele e mandei uma nova mensagem para ela, que também não respondeu”, conta Veiga.


Persistência
Ele poderia ter dado o caso por encerrado, mas a preocupação pela falta que o valor poderia fazer para a família de quem o perdeu o fez insistir. Sabendo o nome do dono da carteira e da esposa, buscou na internet por um telefone para contato. “Consegui um número e liguei e ninguém atendeu. Depois me retornaram e eu confirmei que era ele mesmo”, complementa. A partir disso combinaram a entrega. “Passei meu horário e ele chegou na quarta-feira para pegar a carteira e eu entreguei. E ele disse que tinha dado o valor como perdido e quis me oferecer R$ 100 reais. Eu não quis porque não estava fazendo nada mais do que o meu dever”, conta Veiga.


Bom até agora você deve estar se perguntando “o que isso tem a ver com o menino e o carrinho de controle remoto?”. É nessa parte que ele entra. Com o impasse entre o dono da carteira que queria recompensar e o recompensado que não queria receber, tiveram a ideia de usar o valor para fazer alguém feliz. O dono da carteira, Leonardo Martinez, postou a história nas redes sociais. “Quando fui buscar a carteira tentei recompensar o rapaz com uma pequena parte do valor que estava nela. Ele recusou-se a pegar, então argumentei que ele deveria doar o valor para alguém que precisasse e ele então mais uma vez mostrou sua grandeza sugerindo que o valor fosse usado para comprar algo para crianças que mandam cartas para uma radio local pedindo presentes”, narrou na postagem. Com a sugestão, Veiga foi até a rádio e escolheu uma das cartas disponíveis. “Peguei uma cartinha de um menino de dez anos que queria um carrinho de controle remoto ou uma piscina, e compramos o carrinho para dar para a criança e realizar seu sonho de Natal”, simplifica Veiga.


Como dito no início deste texto, esta história não tem nada de surpreendente, ou pelo menos não deveria ter, já que atitudes como esta deveriam ser uma regra e não uma exceção. Mesmo assim, como disse o dono da carteira perdida: “obrigado a você Fabrício e aos seus colegas. Você me fez voltar a acreditar que este país tem futuro e que a honestidade ainda existe entre nosso povo”.

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