Com um dos maiores índices globais de ansiedade e depressão, o Brasil figura no ranking dos países que mais apresentam uma população psicologicamente doente. Durante o primeiro mês do ano, a campanha Janeiro Branco promove ações preventivas de advertência às patologias mentais mais recorrentes. Segundo os dados mais recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), nos últimos 10 anos, o número de pessoas diagnosticadas com transtorno depressivo se elevou em 18,4% em todo o mundo. Dentre os países latino-americanos, o Brasil é o que mais abriga indivíduos sofrendo com o problema. Enquanto 5,8% dos brasileiros convivem com a depressão; 9,3% manifestam comportamentos relacionados à ansiedade. Por isso, na tentativa de colocar a saúde mental no centro de debate, profissionais da área abrem espaço pra dialogar e lançar luz aos impactos provocados por esses distúrbios psicológicos. "A campanha foi criada há 6 anos, em Minas Gerais, como uma alternativa para dar atenção ao adoecimento emocional causado por gatilhos cotidianos e pessoais, como a atividade laboral ou a perda de entes próximos e queridos", explica a psicóloga Schaiane Ribeiro.
O médico psiquiatra Carlos Hecktheuer destaca que, em Passo Fundo, a busca por auxílio médico de pessoas com tais disfunções psquiátricas é crescente. "A ansiedade e a depressão são as patologias mais comuns. Os leitos do Hospital Muncipal, por exemplo, estão lotados porque os cidadãos estão se dando conta de que estão doentes e precisam de ajuda", enfatiza.
Embora seja mais comum em adultos, Hecktheuer salienta que as alterações comportamentais características das doenças estão se manifestando de forma massiva em jovens e crianças, onde a taxa de suicídio é um agravante. "Observamos que essa geração desenvolve esses transtornos mentais como reflexo dos distúrbios presentes também nos pais", alerta.
A conversa como principal aliada
Em atividades alusivas ao movimento Janeiro Branco, passeios ao ar livre, palestras em escolas e organizações serão realizadas, na cidade, como estímulo ao diálogo aberto e a conscientização sobre os transtornos mentais, como ressalta Schaiane. "As datas serão divulgadas em breve nos meios de comunicação, mas o contato prévio pode ser realizado pelo telefone (54) 9956-6073. Em Passo Fundo, há o Centro de Valorização da Vida (CVV) que atende os cidadãos para orientá-los em momentos de angústia", lembra.