Nós ainda não sabemos o que aconteceu, diz presidente da Vale

Caso aconteceu na Barragem da Mina de Feijão, em Brumadinho, Região Metropolitana de Belo Horizonte

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O presidente da Vale, Fábio Schvartsman, disse ontem (25) que a maioria das vítimas, do rompimento da barragem, em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte, é de funcionários da empresa. Ele disse que a Vale buscou tomar providências para garantir mais segurança às barragens, ampliando uma série de ações, como a execução de fiscalização periódica, revisões realizadas por empresas estrangeiras e auditorias externas, além de implantação de sirenes.

 

"Nós ainda não sabemos o que aconteceu. Ainda é muito cedo para termos essa informação", disse o presidente, ao ser questionado sobre as causas do acidente. Schvartsman acrescentou que até o momento não é possível mensurar o número de vítimas porque houve um soterramento. Ele afirmou ainda que a barragem estava inativa, pois há mais de três anos não opera, ou seja sem receber resíduos.  

 

“Nós não pouparemos esforços, nós temos um gabinete de crise montado, nós mobilizamos todas as ambulâncias na região, aproximadamente 40”, disse o presidente da Vale. “Estamos complementando tudo aquilo que os hospitais públicos são capazes de atender. Estamos fazendo um esforço grande de assistência social, inclusive com a presença de psicólogos.” Cerca de 300 pessoas trabalhavam no local no momento do acidente. 

 

Desaparecidos

Segundo o Corpo de Bombeiros, aproximadamente 200 pessoas estão desaparecidas após o rompimento da Barragem da Mina Feijão, em Brumadinho (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A estrutura, que pertence à Vale, liberou no meio ambiente rejeitos de mineração. Segundo o Ibama, este volume é de 1 milhão de metros cúbicos. Ainda não há informação precisa de quantas casas foram destruídas.

 

O Hospital João XXIII, instituição pública vinculada ao estado de Minas Gerais e sediada em Belo Horizonte, acionou um plano de atendimento para múltiplas vítimas de catástrofes. Até o fechamento dessa edição, a instituição havia confirmado a chegada de quatro pacientes, de helicóptero.

 

Em nota, o Corpo de Bombeiros informou que o Sistema de Comando de Operações (SCO) está estruturado no Centro Social do Córrego do Feijão, em Brumadinho, junto com diversos órgãosde segurança pública. Ao lado do Centro, há um campo de futebol que está sendo usado como área de avaliação e triagem das vítimas para atendimento médico, além de estacionamento de viaturas. Também foi estruturado um posto para arrecadação de alimento na Faculdade Asa de Brumadinho. O Corpo de Bombeiros informou que está atuando com 51 militares e que contam ainda com seis aeronaves.

 

Por meio de nota, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que está monitorando a onda de rejeitos. Segundo a agência, havia a preocupação de que o rejeito atingisse a Usina Hidrelétrica Retiro Baixo, mas que a barragem da usina, localizada a 220 quilômetros (km) do local do rompimento, possibilitará amortecimento da onda de rejeito. "Estima-se que essa onda atingirá a usina em cerca de dois dias", diz a nota.

 

A agência disse que está coordenando ações para manutenção do abastecimento de água e sua qualidade para as cidades que captam água ao longo do Rio Paraopeba. "Estamos em constante comunicação com os órgãos e autoridades federais e estaduais, inclusive no âmbito de recente Acordo de Cooperação sobre Segurança de Barragens, que está permitindo troca facilitada e mais rápida de dados sobre a situação no local do evento".

 

De acordo com a agência reguladora, a fiscalização da barragem rompida, de acumulação de rejeito de mineração, cabe à autoridade outorgante de direitos minerários, no caso, o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral, transformado em dezembro do ano passado na Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo o Cadastro Nacional de Barragens, elaborado pela ANM e encaminhado à ANA, a barragem rompida tinha baixo risco de acidentes e alto potencial de danos.

 

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que a  Mina do Feijão e a Barragem 1 estão licenciadas e que as causas e responsabilidades pelo ocorrido serão apuradas pelo governo de Minas.

 

Cidades próximas

As prefeituras de municípios vizinhos a Brumadinho e cortados pelo Rio Paraopeba alertaram a população sobre o risco de uma súbita elevação do nível da água e recomendaram que as pessoas se afastem do rio. Além disso, as autoridades municipais já se mobilizam para enfrentar eventuais impactos que o rompimento da barragem na Mina Córrego do Feijão pode causar.

 

 A cidade está um “pandemônio”, relata moradora de Brumadinho

Após rompimento da barragem moradores procuram se abrigar nas áreas mais altas da cidade e ter informações sobre familiares e conhecidos que estavam próximos ao local. “A cidade está um pandemônio. As pessoas estão muito assustadas”, relata Genilda Dalabrida, dona de um restaurante na cidade.

 

Genilda disse que os moradores estão acompanhando os resgates e procurando familiares, amigos e conhecidos que estavam próximos ao local e podem ter sido atingidos. “Você vê pessoas com celular na mão, tentando falar com família”, disse. Genilda relata que está tentando encontrar o ex-marido, que trabalhava no local, mas ainda não conseguiu contato.

 

De acordo com Genilda, além desse esforço, moradores estão buscando se deslocar para regiões mais seguras, nas áreas mais altas da cidade. Os donos de comércios no centro estão fechando as lojas.

 

“A preocupação é quem não está lá ir para locais seguros. Minha funcionária foi, voltou, e disse que a água estava baixa. Ela contou que vai para a casa da sogra, em um distrito mais alto”.

 

Seu restaurante fica em um local na área mais alta. Ela chamou amigos para se abrigarem lá. “Nós estamos seguros porque não estamos perto do rio. Tem muito lugar para espalhar até chegar aqui, não temos risco”, disse.

 

Caso Mariana

O rompimento da barragem de Brumadinho ocorre três anos depois da tragédia em Mariana, na barragem da Samarco, que também pertencia à Vale. Na época, as empresas ligadas à tragédia viraram alvo de ações na Justiça, mas até hoje os afetados cobram reparação. Em Mariana, o volume da barragem que se rompeu era de 50 milhões de metros cúbicos.

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